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diário íntimo XXXVI

[ venho do Inferno ]

 

                                                                                      para o meu filho João.

 

 

ANTERO DE ALDA Amarante, 9 de Setembro de 2012

 

 

 

 

venho do Inferno

é outono já encomendei lenha seca

afago de novo o fumo com gomos de laranja

o gato crava-nos ainda os olhos como um filho

enterra as unhas na carne da mãe

regresso à cidade

(ao grande Largo que aos domingos é o centro do mundo)

à mulher e aos filhos

à sogra vigilante das orações a Santo Expedito

aos pais penitentes à espera da morte oh pai!

perdoa a ausência da mãe como ela perdoou também as tuas outras ausências: "este senhor eu não sei quem é está sempre comigo é muito meu amigo e eu sou muito amiga dele"

 

pois eu sou teu filho minha mãe não te lembras!?

(chorei compulsivamente nesse dia).

 

é tão frio tão negro tão profundo

o poço da morte!

 

venho do Inferno

das tumbas abertas do sexto círculo de Dante Alighieri

regresso à cidade à família

ao berço de todos os outros deuses:

o cego Borges servo na Babilónia e invisível na Lua,

a Mallarmé e Baudelaire

(para estar no mundo, para estar no mundo

é preciso que te embriagues sem trégua) e o temerário Célan em Sete Rosas Imortais

é preciso dançar para estar no mundo

Zaratustra eu só acredito num Deus que saiba dançar

a Sabine Weiss e à maravilhosa fotografia daquela criança agarrada a uma árvore

ao homem que diz, como e.e. cummings:

"obrigado Meu Deus por mais este espantoso dia, pelos saltitantes e virentes espíritos das árvores"

a Roger Michell em Venus, a felicidade devia ser exterminada?

 

volto a pintar as paredes da casa

carrego elefantes transformo pássaros em fogo,

sou outra vez o motor da alegria, de novo

selvagem e embriagadamente rico, de novo

orgulhosamente suspenso pelo escalpe

— improcriável e impróprio para procriar.

 

afinal... regresso inteiro e mínimo ao eunuco,

o cérbero grego primitivo: "Deus fez de mim um homem diferente penteou-me cortou-me a barba comprou-me um par de sapatos novos fez-me decorar ladainhas inteiras preparou-me para entrar no Inferno."

 

regresso à infância, este milagre irreprimível de saber envelhecer.

afinal... Agostinho da Silva: "a vida para a arte [a vida para o amor] é sempre breve."

 

19/10/2017

 

____

"é preciso dançar para estar no mundo"

osdiastodosiguais

"suspenso pelo escalpe..."

manual de sobrevivência VI

"Deus fez de mim um homem diferente..."

poemas sobre papel velho

 

 

No dia em que o Jornal de Notícias informa que «2605 morreram à  espera de cirurgia» e «a tutela apagou 234 mil pedidos de urgência». Exactamente dois dias depois do Presidente da República dizer que «é preciso ter a humildade cívica de pedir desculpa» às famílias das cerca de 120 pessoas que morreram nos últimos incêndios em Portugal.

 

 

 

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A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

GÖRAN PALM

 

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