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  Post 009 -  Agosto de 2007  

 

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'John John salute' e o menino de Nagasaki

fotos JOE O'DONNELL

 

 

Em Dezembro de 1945 o exército americano estava estacionado em território japonês, depois da rendição de Hirohito e das tristemente célebres tragédias atómicas. Fazia parte do corpo de fuzileiros navais norte-americanos um jovem de 23 anos, de seu nome Joe O’Donnell, que havia já servido o seu país na guerra na Coreia. Não obstante, o seu «serviço» não era o de um vulgar fuzileiro: segundo dizem, O’Donnell não tinha a mais pequena predisposição para matar japoneses e felizmente não lhe deram uma arma como outra qualquer… deram-lhe uma máquina fotográfica.

 

Distanciado, assim, dos deveres de uma guerra convencional, o marine O’Donnell não teve grandes hipóteses de morrer em campo de batalha, mas o seu trabalho de documentar a devastação provocada pelas bombas provocou-lhe um tormento físico e psicológico de que jamais conseguiu separar-se. Durante toda a sua vida foi perseguido por sucessivas doenças provocadas pelas radiações a que ficou exposto no Japão, mas ele próprio admitiu que esse sofrimento era o menos comparado com a dor dos familiares das vítimas de Hiroshima e Nagasaki… Isso mesmo disse Anne Brown, da Arts Company, que publicou grande parte das suas fotografias: «Ele sofreu muito, mas sempre evitava falar disso porque sentia que a dor do japonês era mais importante que o seu próprio sofrimento.»

 

Contratado pela Agência de Informação norte-americana pouco depois da Segunda Guerra Mundial, Joe O’Donnell tornou-se o fotógrafo oficial da Casa Branca nas presidências de Roosevelt, Truman, Eisenhower, Kennedy e Johnson! O seu talento era notável, mas alguém esperava que um repórter de guerra pudesse fazer um ‘Jackie Kennedy frontal view’ (closeup) como num retrato de Warhol a PB?

 

Na verdade, O’Donnell é o autor de célebres reportagens, como a Conferência de Tehran com Estaline, Churchill e Roosevelt e os encontros de Kruschev com Eisenhower, Churchill com Nixon, Kruschev com Nixon… Mas, do mesmo modo que registou com a sua câmara as guerras na Coreia e no Japão, acabou por testemunhar a própria tragédia que se abateu sobre a América com o assassinato do jovem presidente Kennedy. São duas realidades distintas, é verdade, mas O’Donnell fez o trabalho que lhe competia: realizou em Washington o famoso «John John salute» decerto com o mesmo sentido de responsabilidade com que fotografou em Nagasaki a criança que carregava às costas o cadáver do seu irmão para o crematório. E curiosamente, tal como Eugene Smith, casou-se com uma japonesa, a também fotógrafa Kimiko Sakai…

 

Morreu num hospital de Nashville, no dia 10 de Agosto, com 85 anos de idade. Decerto, com o sentido do dever cumprido.

 

 

 

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