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  Post 102 -  Abril de 2013  

 

foto: Carlos Vilela 2010

 

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o alegre desespero

[ António Gedeão ]

 

 

«O problema não é o Excel, é a persistência do erro na vida real», diz Sandro Mendonça, hoje, 21 de Abril, no Diário de Notícias.

 

 

 

 

foto VIRXILIO VIEITEZ Galicia, 1965.

 

 

Afinal, a III Grande Guerra pode ter começado num erro do Excel. Provavelmente, foi também um erro de raiz quadrada que criou a bomba de hidrogénio, provocou a ira de Hitler, a Guerra dos Cem Anos, as ilusões da Armada Invencível e da Campanha de Napoleão na Rússia, as demências de Calígula e Nero e o grande incêndio de Roma, as deformidades de Cerberus... Decerto Bin Laden foi também uma criação do Office da Microsoft e nos próximos dias haverá uma corrida aos tribunais para sacar mais dinheiro a Bill Gates...

 

Há um bom par de semanas atrás, Merkel (Merkel is a bitch!) disse nas nossas televisões qualquer coisa como isto: «Os portugueses têm que trabalhar mais para poderem ganhar dinheiro para comprarem os produtos da Alemanha para os alemães poderem ir passar férias a Portugal.» São estes os dados da maldita folha de Excel.

 

A Europa é um cárcere!

Se a culpa é da Matemática, o nosso desespero deve ter alguma compensação. Krugman está certo: as dívidas não têm que ser pagas, temos que sair rapidamente do Euro, desfazer a UE, enfim, abandonar esta guerra e deixar os nossos carrascos definhar na sua solidão.

 

 

 

 

 

Compreende-se que lá para o ano três mil e tal

ninguém se lembre de um certo Fernão Barbudo

que plantava couves em Oliveira do Hospital,

 

ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores

que tirou um retrato toda vestida de veludo

sentada num canapé junto de um vaso com

                                                                     flores.

 

Compreende-se.

 

E até mesmo que já ninguém se lembre que

                           houve três impérios no Egipto

(o Alto Império, o Médio Império e o

                                                     Baixo Império)

com muitos faraós, todos a caminharem de lado

                                   e a fazerem tudo de perfil,

e o Estrabão, o Artaxerxes, e o Xenofonte,

                                                         e o Heraclito,

e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do

                       Péricles, e a retirada dos dez mil,

e os reis de barbas encaracoladas que eram

                                  senhores de muitas terras,

que conquistavam o Lácio e perdiam o Epiro,

    e conquistavam o Epiro e perdiam o Lácio,

 

e passavam a vida inteira a fazer guerras,

e quando batiam com o pé no chão faziam

                                        tremer todo o palácio,

e o resto tudo por aí fora,

e a Guerra dos Cem Anos,

e a Invencível Armada,

e as Campanhas de Napoleão,

e a bomba de hidrogénio,

e os poemas de António Gedeão.

 

Compreende-se.

 

Mais império menos império,

mais faraó menos faraó,

será tudo um vastíssimo cemitério,

cacos, cinzas e pó.

 

Compreende-se.

Lá para o ano três mil e tal.

 

E o nosso sofrimento para que serviu afinal?

 

ANTÓNIO GEDEÃO

Poema do Alegre Desespero

Poesias Completas, Sá da Costa Editora, 1987.

 

 

 

 

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A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

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