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  Post 021 -  Julho de 2009  

 

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o significante mata?

 

 

 

foto JAMES NACHTWEY Hospital de Mornay, Darfur, 2004.

 

 

 

foto ED KASHI Soldado americano da guerra do Iraque, Iowa, 2005.

 

É violenta a essência das fotografias de Ed Kashi, porque ele tem essa qualidade rara de respeitar a essência da realidade que capta. Do outro lado, Nachtwey — um dos maiores fotógrafos de guerra de sempre — possui esse dom ímpar de enfatizar a linguagem para nos mostrar um inferno fotogénico. O significante interfere, mata a realidade?

 

 

 

«Symbol

 

«She was pretty and had a name

Unlike the victims of your wars

Who are nameless and faceless

Both before and after

They are blown to bits.»

MARIO CUTAJAR

 

 

«Ó vós que tendes inteligência sadia, atentai à doutrina que se esconde sob o véu dos versos estranhos.»

DANTE

Inferno, IX, 61-63.

 

 

 

 

A propósito das fotografias de Eugène Atget, John Szarkowski disse um dia que elas eram «aquilo que um fotógrafo de génio fazia quando chegava ao céu».1 Sobre James Nachtwey e as suas fotografias, Mario Cutajar diz que «he has made hell photogenic» — ele faz o inferno fotogénico...

Entre o céu e o inferno viajam, muitas vezes, os grandes fotojornalistas: um dia no cenário horrível duma guerra e no dia seguinte nas capas dos mais importantes jornais e revistas do mundo inteiro.

 

 

Mais do que o elogio pessoal à obra de Atget, o comentário de Szarkowski (também ele fotógrafo, curador e director de Fotografia do MoMA—Museum of Modern Art of New York, falecido em 2007) atribui à Fotografia uma indiscutível dimensão estética. Cutajar (pintor e crítico radicado em Los Angeles), por sua vez, lembra-nos que grande parte da actual produção fotográfica, carregada com o peso da linguagem, pode esconder realidades profundamente dolorosas. Em quem devemos acreditar?

 

Pelos jornais e revistas, entre texto e imagens, ficamos a saber mais ou menos o que se passa pelo mundo. Mas, porque não estamos presentes, é-nos difícil decifrar (como escreve Dante) «a doutrina que se esconde sob o véu dos versos estranhos.» Tal como é difícil reconhecer alguém que, «sem nome e sem rosto» como quase todas as vítimas da guerra (nos versos de Catujar), é varrido pela voracidade dos símbolos ou pela habilidade dos píxels.

Terá razão Lacan quando diz que «o significante mata»?

 

 

 

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______

 

«Já reparaste que tens o mundo inteiro

dentro da tua cabeça

e esse mundo em brutal compressão dentro da tua cabeça

é o teu mundo

e já reparaste que eu tenho o mundo inteiro

dentro da minha cabeça

e esse mundo em brutal compressão dentro da minha cabeça

é o meu mundo

o qual neste momento não te está a entrar pelos olhos

mas através dos nomes

pois o que tu tens dentro da tua cabeça

e o que eu tenho dentro da minha cabeça

são os nomes do mundo em brutal compressão

como um filtro ou coador

de forma que nem és tu que conheces o mundo

nem sou eu que conheço o mundo

mas os nomes que tu conheces é que conhecem o mundo

e os nomes que eu conheço é que conhecem o mundo

o qual entra em ti e o qual entra em mim

através dos nomes que já tem...»

ALBERTO PIMENTA

O Silêncio dos Poetas, 1978.

 

 

Dizem que há o grau zero da escrita (Fernando Pessoa — ou melhor: Álvaro de Campos — terá escrito o despojado e longo poema 'Tabacaria' numa só tarde, sem parar e por impulso, e essa é sem dúvida uma das obras maiores da literatura mundial). Dizem também que há o grau zero da poesia (Alberto Pimenta — para citar outro exemplo português: 'O Silêncio dos Poetas', 1978 — refere que «a manifestação estética integral terá que ocorrer no domínio do silêncio, porque para aquém ou além dele é tudo em última análise compromisso»). Haverá, ainda, o grau zero da comunicação? Corresponderá a este, na arte das imagens, o grau zero da fotografia? A haver, corresponderá a essa (in)comunicação — a guerra, em certo sentido, é uma forma de não comunicação — uma expressão fotográfica igualmente tão despojada que se compare com a ausência de escrita, a ausência de poesia e, em suma, a ausência de arte?

 

«O poder das imagens pode mudar a mentalidade das pessoas e interferir sobre os rumos da condição humana», diz Ed. Kashi, revendo-se na dimensão crítica documental das suas fotografias.

Sartre tem uma perspectiva apaziguadora: «Calar-se não é ser mudo, é recusar falar, portanto falar ainda.» (J. P. Sartre, Qu' est-ce que la Literature?, 1948). Corroborada por Steiner: «Na maior parte da poesia moderna, o silêncio representa as exigências do ideal; falar é dizer menos.» (Georges Steiner, Language and Silence, 1967).

 

Em suma, como diz Alberto Pimenta (1978, p. 5), «A arte tem também o carácter duplo dos símbolos: é e representa.»

 

 

1 — Pedro Calado, EXPRESSO/Revista, 7 de Outubro de 1989.

 

 

 

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