ANTERO DE ALDA Photography Recent Works

 

Man, the soul, body and nourishment [ 1 ]

 

 

photo by DOROTHEA LANGE, Migrant Mother, 1936.

 

 

 

 

 

Reflections on post-modernism: the great depressions occur nearly every day at the time of the newscast. Where has globalization and Lyotard ‘s “ungoverned society” led us?

 

 
 

1. The narrative crisis

 

Extrapolated from the discussion on the rights of stateless persons in the context of Nazi persecution, the new threats to citizenship bring forward to our days this summary reflection on human rights, with the aggravating circumstance of its actual positioning on the traditional territories of each state’s sovereignty. Seven years after the publication of the book “The Origins of Totalitarianism” (1951), Hannah Arendt publishes “The Human Condition”, where he emphasizes the importance of politics as an action and as a process aimed at achievement of freedom. Half century past, the markets freedom is clearly outweighing the freedom of rulers and ruled (democratic pact, regulatory state, its representation and development).

 

Finally we will see how some radical theories of Thomas Hobbes lead us to doubt the very seriousness of governments in the protection of the rights of its citizens. One might say, nowadays, that it is relevant to investigate if we are not also being victims of those who in principle have the duty to protect us; in other words, to verify if those who should be protecting us are protecting us are actually doing it.

 

 

 

In 2001, on a conference held in Portugal on the challenges of globalization, Alain Touraine admitted for the first time that «it is urgent to rebuild a political control of the economy (...) and rebuild democracy» (newspaper ‘Público’, December 9th 2001). Ten years later, there’s still no solution to an increasingly technically cloistered culture or, if you will, a technique increasingly detached from culture.

 

«All countries located in the zone of influence of Wall Street and the City are threatened», says the French sociologist. The capitalist post-cold war enthusiasm degenerated into a «financial and economic system that was been put out of reach of all social and political interventions» (newspaper ‘El País’, January 6th 2010). Touraine calls it the «non-human economic forces». Jean-Francois Lyotard had already defined it as the «ungoverned society».

 

Because — according to Popper in whom I believe — the lessons of the past are not always examples to the crossroads of the future, today nobody knows how and when will man be freed from the “eclipse of reason” in the concerns of Horkheimer, Max Weber, Adorno...

 

 

 

Has the world crumbled?

«Against the cynical interpretation of history», Popper is optimistic about the present (A Vida é Aprendizagem/Life is Learning, Lisbon: Edition 70, 2001). Touraine also: «the world is getting better, except for Europe» (Euronews, 2010). Gilles Lipovetsky and Sebastien Charles idem: «the hyper-modernity future remains open and does not prevent us to work for fairer regulations.» (Le Temps Hypermodernes, Ed Grasset, 2004). Finally, Habermas, who foreseen the replacement of the “instrumental reason” for the “communicative reason” (The Theory of Communicative Action, vols. 1 and 2, Cambridge, 1981). This can only mean that man is, yet, a narrative: to end it would mean to finish the possibility of improvement.

 


English version 

 

Antero de Alda: Câmara Antiga (o Homem, a alma, o corpo e o alimento I)

 

 

contacto

poesia

fotografia

home

 

  Post 053 -  Julho de 2011  

 

foto: Carlos Vilela 2010

 

www.anterodealda.com

 

 

pesquisar neste blog

 

Recentes

 

o editor pergunta-me...

          [ a reserva de Mallarmé ]

 

 

Antigas

 

o ministro foi às putas de pequim

manual de sobrevivência [ XXV ]

o comboio de... Cristina Peri Rossi

o tesoureiro de Leipzig

manual de sobrevivência [ XXIV ]

manual de sobrevivência [ XXIII ]

manual de sobrevivência [ XXII ]

e o lado oculto da Europa...

a Espanha oculta de...

          [ Cristina García Rodero ]

o cortejo dos amortalhados

EU — only for rich

a essência do Capitalismo

a essência de um Capitalista

os filhos do Diabo

manual de sobrevivência [ XXI ]

ódio à Democracia [ III ]

ódio à Democracia [ II ]

ódio à Democracia [ I ]

Warhol [ 85 anos ]

manual de sobrevivência [ XX ]

manual de sobrevivência [ XIX ]

manual de sobrevivência [ XVIII ]

taitianas de Gauguin

retratos de Van Gogh

nunca serei escravo de nenhum terror

as coisas [ Jorge Luis Borges ]

manual de sobrevivência [ XVII ]

manual de sobrevivência [ XVI ]

Portugal, noite e nevoeiro

o corno de Deus

manual de sobrevivência [ XV ]

manual de sobrevivência [ XIV ]

manual de sobrevivência [ XIII ]

a filha de Galileu

um museu para o Eduardo

manual de sobrevivência [ XII ]

manual de sobrevivência [ XI ]

Torricelli, Pascal, Hobbes, razão, utopia e claustrofobia

manual de sobrevivência [ X ]

manual de sobrevivência [ IX ]

os diabos no quintal

     [ histórias de homens divididos

       entre muitos mundos ]

o pobre capitalismo...

as Madalenas de Caravaggio

manual de sobrevivência [ VIII ]

o alegre desespero [ António Gedeão ]

manual de sobrevivência [ VII ]

manual de sobrevivência [ VI ]

manual de sobrevivência [ V ]

manual de sobrevivência [ IV ]

manual de sobrevivência [ III ]

sombras [ José Gomes Ferreira ]

Phoolan Devi [ a valquíria dos pobres ]

schadenfreude [ capitalismo e inveja ]

a vida não é para cobardes

europa

a III Grande Guerra

FUCK YOU!

EU — die 27 kühe [ as 27 vacas ]

europa tu és uma puta!

bastardos!

o daguerreótipo de Deus...

o honrado cigano Melquíades...

cem anos de solidão...

manual de sobrevivência [ II ]

o salvador da América [ Allen Ginsberg ]

o salvador da América [ Walt Whitman ]

[ revolução V ] as mães do Alcorão

[ revolução IV ] paraíso e brutalidade

[ revolução III ] andar para trás...

[ revolução II ] para onde nos levam...

[ revolução I ] aonde nos prendem...

o problema da habitação

cartas de amor

a herança de Ritsos

as piores mentiras

elegia anti-capitalista

da janela de Vermeer

manual de sobrevivência [ I ]

de novo o Blitz...

antes de morrer

as valquírias

forretas e usurários

           [ lições da tragédia grega ]

Balthus, o cavaleiro polaco

abençoados os que matam...

diário kafkiano

Bertrand Russell: amor e destroços

U.E. — game over

DSK: uma pila esganiçada

coração

kadafi

o tempo e a eternidade

Bucareste, 1989: um Natal comunista

mistério

o Homem, a alma, o corpo e o alimento

          [ 1. a crise da narrativa ]

          [ 2. uma moral pós-moderna? ]

          [ 3. a hipótese Estado ]

o universo (im)perfeito

mural pós-moderno

Lisboa — saudade e claustrofobia

          [ José Rodrigues Miguéis ]

um cancro na América

Marx, (...) capital, putas e contradições

ás de espadas

pedras assassinas

Portugal — luxúria e genética

rosas vermelhas

Mozart: a morte improvável

1945: garrafas

1945: cogumelos

bombas de açúcar

pão negro

Saramago: a morte conveniente

os monstros e os vícios

porcos e cinocéfalos

o artifício da usura

a reserva de Mallarmé

o labirinto

os filhos do 'superesperma'

a vida é uma dança...

a puta que os pariu a todos...

walk, walk, walk [Walter Astrada]

Barthes, fotografia e catástrofe

Lua cheia americana [Ami Vitale]

a pomba de Cedovim

o pobre Modigliani

o voo dos pimparos

o significante mata?

a Europa no divã

a filha de Freud

as cores do mal

as feridas de Frida

perigosa convivência

—querida Marina! («I'm just a patsy!»)

a grande viagem...

histoire d'une belle humanité

o coelhinho foragido

o sono dos homens...

«propriedade do governo»

os dois meninos de O'Donnell

o barco dos sonhos

farinha da Lua

o enigma de Deus

«nong qua... nong qua...»

«vinho de arroz...»

magnífica guerra!

a lei do Oeste...

Popper (1902-1994)

 

 

 

SnapShots

 

 

os dias todos iguais, esses assassinos...

 

 

 

 

o Homem, a alma, o corpo

e o alimento [ 1 ]

 

 

 

 

foto DOROTHEA LANGE, Migrant Mother

Florence Owens Thompson, 32 anos, 7 filhos, viúva (Março de 1936).

 

Reflexões sobre o pós-moderno: as grandes depressões ocorrem hoje quase todos os dias à hora dos noticiários. Ao que nos levaram a globalização e a «sociedade não administrada» de Lyotard?

 

 

 

1. A crise da narrativa

 

Extrapolado da discussão sobre os direitos dos apátridas no contexto das perseguições nazis, as novas ameaças à cidadania trazem para a actualidade esta reflexão sumária sobre os direitos humanos, com a agravante de a situarmos agora dentro dos territórios tradicionais de soberania de cada Estado. Sete anos após a publicação do livro «As Origens do Totalitarismo» (1951), Hannah Arendt publica «A Condição Humana», onde enfatiza a importância da política como acção e como processo com vista à conquista da liberdade. Meio século passado, a liberdade dos mercados está a sobrepor-se claramente à liberdade de governantes e governados (pacto democrático, Estado regulador, representatividade e desenvolvimento).

 

Veremos por fim como algumas teorias radicais de Thomas Hobbes nos levam a duvidar da própria seriedade dos governos na defesa dos direitos dos seus cidadãos. Pode dizer-se que é hoje pertinente descobrir se não estaremos também a ser vítimas daqueles que por princípio têm o dever de nos proteger ou, por outras palavras, verificar se aqueles que devem proteger-nos estão a proteger-nos de facto.

 

 

Em 2001, numa conferência realizada em Portugal sobre os desafios da globalização, Alain Touraine admitia pela primeira vez que «é urgente reconstruir um controlo político da economia (...) e reconstruir a democracia» (jornal Público, 9 de Dezembro de 2001). Dez anos depois, ainda não há solução para uma cultura cada vez mais enclausurada pela técnica ou, se preferirmos, uma técnica cada vez mais desprendida da cultura.

 

«Todos os países situados na zona de influência da Wall Street e da City estão ameaçados», diz o sociólogo francês. O entusiasmo capitalista do pós-guerra fria degenerou num «sistema financeiro e económico que foi colocado fora do alcance de todas as intervenções sociais e políticas» (jornal El País, 6 de Janeiro de 2010). Touraine chama-lhe «forças económicas não humanas». Jean-François Lyotard já o havia definido como «sociedade não administrada».

 

Porque — segundo o Popper em quem acredito — as lições do passado nem sempre são exemplos para as encruzilhadas do futuro, hoje ninguém sabe como e quando o homem se libertará do «eclipse da razão» nas inquietudes de Horkheimer, Max Weber, Adorno...

 

 

 

O Mundo desfez-se?

«Contra a interpretação cínica da história», Popper é optimista em relação ao presente (A Vida é Aprendizagem, Lisboa: Edições 70, 2001). Touraine também: «o mundo está cada vez melhor, excepto a Europa» (Euronews, 2010). Gilles Lipovetsky e Sébastien Charles idem: «o futuro da "hipermodernidade" permanece aberto e não impede de trabalharmos por regulações mais justas.» (Le Temps Hypermodernes, Ed. Grasset, 2004). E por fim Habermas, que previu substituir a «razão instrumental» pela «razão comunicacional» (The Theory of Communicative Action, vols. 1 e 2, Cambridge, 1981).

Isto só pode querer dizer que o homem é, ainda, uma narrativa: acabar com ela seria acabar com a possibilidade de a aperfeiçoar.

 

2. uma moral pós-moderna?

 

 

 

anterior  |  início  |  seguinte

 

 

A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

GÖRAN PALM

 

webdesign antero de alda, desde 2007