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o Homem, a alma, o
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[ 1 ]

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DOROTHEA LANGE,
Migrant Mother
Florence Owens Thompson, 32 anos, 7 filhos, viúva (Março de 1936).
Reflexões sobre o pós-moderno: as
grandes depressões ocorrem hoje quase todos os dias à hora dos
noticiários. Ao que nos levaram a globalização e a
«sociedade não administrada» de Lyotard?
1. A crise da narrativa
Extrapolado da discussão sobre os
direitos dos apátridas no contexto das perseguições nazis, as novas
ameaças à cidadania trazem para a actualidade esta reflexão sumária
sobre os direitos humanos, com a agravante de a situarmos agora
dentro dos territórios tradicionais de soberania de cada Estado. Sete
anos após a publicação do livro «As Origens do Totalitarismo»
(1951), Hannah Arendt
publica
«A Condição Humana», onde enfatiza a importância da política como
acção e como processo
com vista à conquista da liberdade. Meio século passado, a liberdade
dos mercados está a sobrepor-se claramente à liberdade de
governantes e governados (pacto democrático, Estado regulador,
representatividade e desenvolvimento).
Veremos por fim como algumas
teorias radicais de Thomas Hobbes nos levam a duvidar da própria
seriedade dos governos na defesa dos direitos dos seus cidadãos.
Pode dizer-se que é hoje pertinente descobrir se não
estaremos também a ser vítimas daqueles que por princípio têm o
dever de nos proteger ou, por outras palavras, verificar se aqueles
que devem proteger-nos estão a proteger-nos de facto.
Em 2001, numa conferência realizada em Portugal sobre
os desafios da globalização, Alain Touraine admitia pela primeira
vez que «é urgente reconstruir um controlo político da
economia (...) e reconstruir a democracia» (jornal
Público, 9 de Dezembro de 2001). Dez anos depois, ainda não há
solução para uma cultura cada vez mais enclausurada pela técnica ou,
se preferirmos, uma técnica cada vez mais desprendida da cultura.
«Todos os países situados na zona de influência da Wall Street e
da City estão ameaçados»,
diz o sociólogo francês. O entusiasmo capitalista do pós-guerra fria
degenerou num «sistema financeiro e económico que foi colocado
fora do alcance de todas as intervenções sociais e políticas»
(jornal El País, 6 de Janeiro de 2010). Touraine chama-lhe
«forças económicas não humanas». Jean-François Lyotard já o
havia definido como «sociedade não administrada».
Porque — segundo o Popper em quem acredito — as
lições do passado nem sempre são exemplos para as encruzilhadas do futuro, hoje ninguém sabe
como e quando o homem se
libertará do «eclipse da razão» nas inquietudes
de Horkheimer, Max Weber,
Adorno...
O Mundo desfez-se?
«Contra
a interpretação cínica da história», Popper é optimista em
relação ao presente (A Vida é Aprendizagem,
Lisboa: Edições 70, 2001). Touraine também: «o mundo está cada
vez melhor, excepto a Europa» (Euronews, 2010). Gilles Lipovetsky
e Sébastien Charles
idem: «o futuro da "hipermodernidade" permanece aberto e não impede de trabalharmos por regulações mais justas.»
(Le Temps Hypermodernes, Ed. Grasset, 2004). E por fim Habermas,
que previu substituir a «razão instrumental» pela «razão
comunicacional» (The Theory of Communicative Action, vols. 1
e 2, Cambridge, 1981).
Isto só pode
querer dizer que o homem é, ainda, uma narrativa: acabar com ela
seria acabar
com a possibilidade de a aperfeiçoar.
2. uma moral pós-moderna?

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