ANTERO DE ALDA Photography Recent Works

 

killer stones

 

 

The stones cannot be too large to cause immediate death, but neither should they be too small, in a way that they cannot even be considered a stone.

From article 104, of the Iranian Penal Code

 

Inspired by the three fundamental laws of celestial mechanics, by Johannes Kepler (on the movement of planets), Sir Isaac Newton published in 1687 a book called ‘Philosophiae Naturalis Principia Mathematic’, in which he describes the theory of universal gravitation and establishes the classical mechanical laws: anywhere on Earth, its gravitational pull gives weight to objects and makes them hit the ground, when dropped in the air.

 

Newton equally formulated three laws:

1 – inertia: the whole body remains in its state of rest or in rectilinear uniform motion, unless it is forced to change that state by forces applied on to it;

2 – dynamics: the motion change is proportional to the impressed driving force, and is produced in the direction, in a straight line, in which that force is exerted;

3 – action-reaction: to every action there is always an equal and opposite reaction, with the same intensity.

 

Years later, the French philosopher Voltaire first published in ‘Elements of the Philosophy of Newton’ (1738), a story that supposedly was told to him by Catherine Barton, the niece of the English physicist, in which she stated that Newton conceived the theory of gravity, after an apple had fallen on his head. The legendary episode was corroborated in part by archaeologist William Stukeley, in a biographical book that became known as the ‘Memoirs of Sir Isaac Newton’ (1752).

Ultimately, Newton didn’t die by the weight of the fruit from the apple tree in his backyard. He outlived it, moreover, for four long decades: he died in London in 1727, at a respectable age of 84 years old.

 

 

 

Sakineh Ashtiani (43 years old), sentenced to death by stoning.

photo AP-Associated Press

 

 

 

 

More than three centuries elapsed, the Islamic courts serve up to Newton's law to kill adulterous women.

Killer stones that torture are not ripe fruit from the orchards of Iran.

 

____

The death penalty by stoning was restored in Iran in 1979, shortly after Reza Pahlavi was deposed and following the establishment of Ruhollah Khomeini as the country’s leader. Since then, more than 150 people (mostly homosexuals and adulterous women) were sentenced to death by stoning. This practice still remains very popular in Afghanistan, Pakistan and Somalia.

 

Sakineh Mohammadi Ashtiani, age 43, was first condemned to 99 lashes in May 2006, under the charge of having committed adultery after her husband's death. Imprisoned in a jail at Tabriz, two years after, her sentence was aggravated to death by stoning. Her execution came to be scheduled for July 2010, but the requests for clemency from her son Sajad Ghaderzade and from the international community led to a postponement. In September, the sentence was commuted and the authorities in Tehran announced that they would hang her instead: to divert the implication that there was a giving in to international pressure, the Iranian court decided to accuse her of involvement in the murder of her husband, which in Iran leads to hanging. According to the International Committee Against Stoning, an NGO based in Germany, the execution could occur this Wednesday, November 3rd, but has now come to disavow it, avouching that «it can happen at anytime».


English version 

 

Antero de Alda: Câmara Antiga (pedras assassinas)

 

 

contacto

poesia

fotografia

home

 

  Post 044 -  Novembro de 2010  

 

foto: Carlos Vilela 2010

 

www.anterodealda.com

 

 

pesquisar neste blog

 

Recentes

 

o editor pergunta-me...

          [ a reserva de Mallarmé ]

 

 

Antigas

 

o ministro foi às putas de pequim

manual de sobrevivência [ XXV ]

o comboio de... Cristina Peri Rossi

o tesoureiro de Leipzig

manual de sobrevivência [ XXIV ]

manual de sobrevivência [ XXIII ]

manual de sobrevivência [ XXII ]

e o lado oculto da Europa...

a Espanha oculta de...

          [ Cristina García Rodero ]

o cortejo dos amortalhados

EU — only for rich

a essência do Capitalismo

a essência de um Capitalista

os filhos do Diabo

manual de sobrevivência [ XXI ]

ódio à Democracia [ III ]

ódio à Democracia [ II ]

ódio à Democracia [ I ]

Warhol [ 85 anos ]

manual de sobrevivência [ XX ]

manual de sobrevivência [ XIX ]

manual de sobrevivência [ XVIII ]

taitianas de Gauguin

retratos de Van Gogh

nunca serei escravo de nenhum terror

as coisas [ Jorge Luis Borges ]

manual de sobrevivência [ XVII ]

manual de sobrevivência [ XVI ]

Portugal, noite e nevoeiro

o corno de Deus

manual de sobrevivência [ XV ]

manual de sobrevivência [ XIV ]

manual de sobrevivência [ XIII ]

a filha de Galileu

um museu para o Eduardo

manual de sobrevivência [ XII ]

manual de sobrevivência [ XI ]

Torricelli, Pascal, Hobbes, razão, utopia e claustrofobia

manual de sobrevivência [ X ]

manual de sobrevivência [ IX ]

os diabos no quintal

     [ histórias de homens divididos

       entre muitos mundos ]

o pobre capitalismo...

as Madalenas de Caravaggio

manual de sobrevivência [ VIII ]

o alegre desespero [ António Gedeão ]

manual de sobrevivência [ VII ]

manual de sobrevivência [ VI ]

manual de sobrevivência [ V ]

manual de sobrevivência [ IV ]

manual de sobrevivência [ III ]

sombras [ José Gomes Ferreira ]

Phoolan Devi [ a valquíria dos pobres ]

schadenfreude [ capitalismo e inveja ]

a vida não é para cobardes

europa

a III Grande Guerra

FUCK YOU!

EU — die 27 kühe [ as 27 vacas ]

europa tu és uma puta!

bastardos!

o daguerreótipo de Deus...

o honrado cigano Melquíades...

cem anos de solidão...

manual de sobrevivência [ II ]

o salvador da América [ Allen Ginsberg ]

o salvador da América [ Walt Whitman ]

[ revolução V ] as mães do Alcorão

[ revolução IV ] paraíso e brutalidade

[ revolução III ] andar para trás...

[ revolução II ] para onde nos levam...

[ revolução I ] aonde nos prendem...

o problema da habitação

cartas de amor

a herança de Ritsos

as piores mentiras

elegia anti-capitalista

da janela de Vermeer

manual de sobrevivência [ I ]

de novo o Blitz...

antes de morrer

as valquírias

forretas e usurários

           [ lições da tragédia grega ]

Balthus, o cavaleiro polaco

abençoados os que matam...

diário kafkiano

Bertrand Russell: amor e destroços

U.E. — game over

DSK: uma pila esganiçada

coração

kadafi

o tempo e a eternidade

Bucareste, 1989: um Natal comunista

mistério

o Homem, a alma, o corpo e o alimento

          [ 1. a crise da narrativa ]

          [ 2. uma moral pós-moderna? ]

          [ 3. a hipótese Estado ]

o universo (im)perfeito

mural pós-moderno

Lisboa — saudade e claustrofobia

          [ José Rodrigues Miguéis ]

um cancro na América

Marx, (...) capital, putas e contradições

ás de espadas

pedras assassinas

Portugal — luxúria e genética

rosas vermelhas

Mozart: a morte improvável

1945: garrafas

1945: cogumelos

bombas de açúcar

pão negro

Saramago: a morte conveniente

os monstros e os vícios

porcos e cinocéfalos

o artifício da usura

a reserva de Mallarmé

o labirinto

os filhos do 'superesperma'

a vida é uma dança...

a puta que os pariu a todos...

walk, walk, walk [Walter Astrada]

Barthes, fotografia e catástrofe

Lua cheia americana [Ami Vitale]

a pomba de Cedovim

o pobre Modigliani

o voo dos pimparos

o significante mata?

a Europa no divã

a filha de Freud

as cores do mal

as feridas de Frida

perigosa convivência

—querida Marina! («I'm just a patsy!»)

a grande viagem...

histoire d'une belle humanité

o coelhinho foragido

o sono dos homens...

«propriedade do governo»

os dois meninos de O'Donnell

o barco dos sonhos

farinha da Lua

o enigma de Deus

«nong qua... nong qua...»

«vinho de arroz...»

magnífica guerra!

a lei do Oeste...

Popper (1902-1994)

 

 

 

SnapShots

 

 

os dias todos iguais, esses assassinos...

 

pedras assassinas

 

 

 

As pedras não poderão ser demasiado grandes para não provocarem morte imediata, mas também não devem ser tão pequenas que não possam ser sequer consideradas como pedras.

Do Artº 104 do Código Penal do Irão

 

 

 

Inspirado nas três leis fundamentais da mecânica celeste de Johannes Kepler (acerca do movimento dos planetas), Sir Isaac Newton publicou em 1687 a obra 'Philosophiae Naturalis Principia Mathematica', que descreve a teoria da gravitação universal e fundamenta a mecânica clássica: em qualquer lugar da Terra, a atracção gravitacional desta confere peso aos objectos e faz com que caiam no chão quando são largados no ar.

 

Newton formulou igualmente três leis:

1 — inércia: todo o corpo permanece no seu estado de repouso ou em movimento rectilíneo uniforme, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele;

2 — dinâmica: a mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é produzida na direcção, em linha recta, na qual aquela força é exercida;

3 — acção-reacção: a toda a acção corresponde sempre uma reacção oposta e de igual intensidade.

 

 

Anos mais tarde, o filósofo francês Voltaire publicou pela primeira vez, em 'Elementos da Filosofia de Newton' (1738), uma história que lhe terá sido contada por Catherine Barton, sobrinha do físico inglês, na qual consta que Newton chegou à teoria da gravidade após uma maça lhe ter caído na cabeça. O lendário episódio foi corroborado, parcialmente, pelo arqueólogo William Stukeley num livro biográfico que ficou conhecido como 'Memórias de Sir Isaac Newton' (1752).

Em definitivo, Newton não morreu com o peso do fruto da macieira do seu quintal. Sobreviveu-lhe, aliás, quatro longas décadas: faleceu em Londres, em 1727, com respeitáveis 84 anos de idade.

 

 

 

 

 

 

Sakineh Ashtiani (43 anos), condenada à morte por lapidação.

foto AP-Associated Press

 

 

 

 

Mais de três séculos decorridos, ordens de tribunais islâmicos servem-se da lei de Newton para matar mulheres adúlteras.

Pedras assassinas que torturam não são frutos maduros nos pomares do Irão.

 

 

_______

A pena de morte por lapidação foi restaurada no Irão em 1979, pouco depois de Reza Pahlevi ter sido deposto e na sequência da chegada de Ruhollah Khomeini ao poder. Desde então, mais de 150 pessoas (principalmente homossexuais e mulheres adúlteras) foram sentenciadas à morte por apedrejamento. Esta prática mantém-se ainda muito popular no Afeganistão, no Paquistão e na Somália.

 

Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, foi condenada pela primeira vez a 99 chicotadas, em Maio de 2006, sob acusação de ter praticado adultério depois da morte do seu marido. Presa numa cadeia de Tabriz, dois anos depois a sua pena foi agravada para lapidação. A execução chegou a estar marcada para Julho de 2010, mas os pedidos de clemência do seu filho Sajad Ghaderzade e da comunidade internacional levaram a um adiamento. Em Setembro a pena foi comutada e as autoridades de Teerão anunciaram que Sakineh seria enforcada: para não dar a entender que cedia às pressões externas, o tribunal decidiu acusá-la também de envolvimento no homicídio do marido, o que no Irão conduz ao enforcamento.

Segundo o Comité Internacional Contra o Apedrejamento, uma ONG com sede na Alemanha, a execução poderia ocorrer nesta quarta-feira, 3 de Novembro, mas entretanto já veio desmentir, garantindo que «pode acontecer a qualquer momento».

 

 

 

anterior  |  início  |  seguinte

 

 

A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

GÖRAN PALM

 

webdesign antero de alda, desde 2007