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  Post 154 -  Março de 2014  

 

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[ Quarta-feira, 5 de Março de 2014 ] Morreu Leopoldo María Panero, o louco! Poderemos agora dormir descansados?

O mundo é um manicómio gigante.

 

 

 

 

foto: LUIZ ALFREDO Colónia psiquiátrica de Barbacena, Brasil (1961).

 

 

 

Daniela Arbex publicou, em Julho de 2013, o livro Holocausto Brasileiro, sobre o tristemente célebre hospital psiquiátrico de Barbacena, Minas Gerais. Estima-se que em Barbacena terão morrido, entre 1903 e os inícios da década de 1980, cerca de 60 mil pessoas, entre homossexuais, prostitutas, pequenos delinquentes, crianças abandonadas e simples doentes epilépticos, a maioria dos quais não apresentava de facto nenhuma característica psicológica que os levasse a entrar no chamado "comboio dos loucos".

Em 1961, o fotógrafo Luiz Alfredo fez uma reportagem acerca deste local tenebroso de onde terão saído quase dois mil corpos para dissecação nas universidades brasileiras e onde, a certa altura, se tornou necessário decompor com ácido centenas de pacientes por excesso de lotação.

 

No passado dia 3 de Março, quase trinta anos depois do encerramento da colónia de Barbacena, a repórter e também escritora Eliane Brum, que prefaciou o livro de Daniela Arbex, fez para a edição brasileira do jornal El País uma reportagem sobre «o momento perturbador vivido pelo Brasil», a propósito da recente escalada de violência nas grandes cidades. Em S. Paulo, pouco antes do Carnaval, um homem empurrou uma mulher para a linha do metro, simplesmente porque «estava nervoso com o pessoal do mundo», e um grupo de simpatizantes do clube de futebol local agrediu com uma barra de ferro um adepto do rival Santos até lhe provocar a morte. Em Sorocaba, um indivíduo foi linchado depois de roubar um frasco de champô no supermercado. Na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, um homem matou com três tiros o suspeito de um pequeno assalto, e na mesma cidade um repórter de imagem da TV Bandeirantes foi assassinado por dois manifestantes nos protestos de rua do dia 6 de Fevereiro. Ainda no Rio, na noite de 31 de Janeiro, um adolescente negro foi acorrentado a um poste com a tranca duma bicicleta: cortaram-lhe uma orelha e arrancaram-lhe a roupa, o que por sua vez provocou uma onda de linchamentos...

 

 

 

«A polícia tem de tirar os loucos da rua

 

Como se anunciasse a morte de Deus, o eufórico taxista que transporta a repórter Eliane Brum pelas ruas de S. Paulo clama: «A polícia tem que tirar os loucos da rua!». E talvez por isso, e talvez por se lembrar ainda da história do "comboio dos loucos" com destino a Barbacena, Eliane conclui: «O louco não expressa apenas a sua loucura, ele também denuncia a insanidade da sociedade em que vive...»

 

 

 

«Vosotros, todos vosotros, toda

esa carne que en la calle

se apila, sois

para mí alimento...»

 

Na passada quarta-feira, 5 de Março, morreu na ala psiquiátrica do Hospital Rei Juan Carlos I, em Las Palmas de Gran Canaria, Leopoldo María Panero, 65 anos, a maior parte dos quais vividos em hospícios. Luis Alemany, redactor da secção cultural do jornal El Mundo, chamou-lhe «el suicida crónico», porém, o último de uma família de poetas, quase todos eles com alguma perturbação mental, e escreveu: «Morreu o nosso Peter Pan, o nosso Artaud, o nosso louco, o nosso intocável, o nosso monstro.» Ele, que, tal como o seu amigo fotógrafo e também alucinado Alberto García Alix, poderia dizer: «No me sigas, estoy perdido»

 

«Deus está morto... não há mais nada senão homens» (Sartre). E nada mais se ouvirá senão a voz dele, «a voz de Deus num poço tapado» (Álvaro de Campos). 

 

 

 

Sou um ninho de cinza

aonde afluem os pássaros

procurando o maná da sombra

a flecha cravada no poema

o beijo do insecto.

LEOPOLDO MARÍA PANERO

 Teoría del miedo, 2000.

 

 

____

Leopoldo María Panero (1948-2014) faleceu apenas seis dias depois da morte de Ana María Moix Meseguer, escritora e poetisa da Catalunha, que o jornal El Mundo afirma ter sido o seu eterno amor impossível.

 

 

 

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A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

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