ANTERO DE ALDA Photography Recent Works

 

Man, the soul, body and nourishment [ 3 ]

 

 

photo by DOROTHEA LANGE, Migrant Mother, 1936.

 

 

 

 

 

Reflections on post-modernism: the great depressions occur nearly every day at the time of the newscast. Where has globalization and Lyotard ‘s “ungoverned society” led us?

 

 
 

3. Still the narrative: the State hypothesis

 

 

«We live in a world of unprecedented wealth, but also of extraordinary deprivation and oppression. The development consists of the removal of freedom deprivations that limit the choices and opportunities for people to judiciously exercise their citizen condition»

AMARTYA SEN

 

 

 

Amartya Sen went to Portugal in March 2011. While she was granted the honorary distinction of the University of Coimbra, Professor Teresa Carla Oliveira recalled the importance of the reflections of the Economics Nobel (1998) «in a period in which the hegemonic neo-Hobbesians are the global markets, rather than the governments or the sovereign policies.»

According to the French philosopher Gilles Lipovetsky (Métamorphoses de la Culture Libérale, 2002) the postmodern society is characterized by public disinvestment. We all aspire to have less State government — to have a larger economical freedom, of course — but at the same time, we need more State to regulate capital flows and to prevent disasters. This principle — the ‘governed society’ within the sense of Lyotard — is what characterizes the social welfare or «the set of initiative actions of the public authorities and society, destined to ensure the right to health, welfare and social assistance» (Fábio Zambitte Ibrahim, Social Security law Course, 2010).

And, finally, a State without welfare is also a soulless State; how should we still aspire to a democracy that still presents itself as «the practical ability of each individual to achieve the goals that he values»? (Amartya Sen). Let us remember: freedom is «the distinctive character that show that our way of life it is not imposed onto us by others» (Georg Simmel).

 

Man’s challenge is to proceed his narrative (his “historical process” in the words of Condorcet and also Arendt), to reconcile what belongs to all with what should belong to each one.

 

 

____

capitalism is good for State funding

To be a capitalist, yes, but what dignity does capitalism have that crosses continents under the impotence (or indifference) of the States, negating citizenship? Capitalism doesn’t pay for the natural disasters.

 

marxism is good for the distribution of wealth amongst the workers

To be a Marxist, so what? If the market is the organizing principle of a capitalist society, was Marx guilty if amongst workers some individuals were driven by the same petty desire to accumulate wealth, to monopoly capital?

 

neo-Hobbesians

Thomas Hobbes (1588-1679) defines man as sort of a predator of himself (“hominis lupus hominis”, The Leviathan, 1651: man is a wolf to man). Hobbes argues for a central idea of the State, completely identical to the current totalitarian market dynamic. In summary, in the transposition to mass democracies, governments would tend to favour large private interests over public interests.

 

war generates war as money generates money

The struggle for survival in the human narrative cannot be confused with the instinct of the Hobbesian beast (modern terrorism), but rather as an ongoing challenge to elevate moral.

Modernism or postmodernism, capitalism or Marxism aren´t scary in their essences, what is frightening is the lack of scruples, the usury and envy, the corruption and the crisis in justice, the contempt for education, the gratuitous violence, the voyeurism and barbarism that have always accompanied man in its historical process.

Condorcet (Marquis de Condorcet, Esquisse d'un tableau historique des progrès de l'esprit humain – Sketch for a Historical Picture of the progress of the human spirit –, 1795) relied on the ability of man to infinitely perfect himself. Like Arendt so did Touraine, Lyotard, Popper, Weber, Adorno, Horkheimer, Steiner, Descartes, Lipovetsky, Sebastien Charles, Habermas, Amartya Sen, Georg Simmel, Marx...

 

 


English version 

 

Antero de Alda: Câmara Antiga (o Homem, a alma, o corpo e o alimento III)

 

 

contacto

poesia

fotografia

home

 

  Post 051 -  Julho de 2011  

 

foto: Carlos Vilela 2010

 

www.anterodealda.com

 

 

pesquisar neste blog

 

Recentes

 

o editor pergunta-me...

          [ a reserva de Mallarmé ]

 

 

Antigas

 

o ministro foi às putas de pequim

manual de sobrevivência [ XXV ]

o comboio de... Cristina Peri Rossi

o tesoureiro de Leipzig

manual de sobrevivência [ XXIV ]

manual de sobrevivência [ XXIII ]

manual de sobrevivência [ XXII ]

e o lado oculto da Europa...

a Espanha oculta de...

          [ Cristina García Rodero ]

o cortejo dos amortalhados

EU — only for rich

a essência do Capitalismo

a essência de um Capitalista

os filhos do Diabo

manual de sobrevivência [ XXI ]

ódio à Democracia [ III ]

ódio à Democracia [ II ]

ódio à Democracia [ I ]

Warhol [ 85 anos ]

manual de sobrevivência [ XX ]

manual de sobrevivência [ XIX ]

manual de sobrevivência [ XVIII ]

taitianas de Gauguin

retratos de Van Gogh

nunca serei escravo de nenhum terror

as coisas [ Jorge Luis Borges ]

manual de sobrevivência [ XVII ]

manual de sobrevivência [ XVI ]

Portugal, noite e nevoeiro

o corno de Deus

manual de sobrevivência [ XV ]

manual de sobrevivência [ XIV ]

manual de sobrevivência [ XIII ]

a filha de Galileu

um museu para o Eduardo

manual de sobrevivência [ XII ]

manual de sobrevivência [ XI ]

Torricelli, Pascal, Hobbes, razão, utopia e claustrofobia

manual de sobrevivência [ X ]

manual de sobrevivência [ IX ]

os diabos no quintal

     [ histórias de homens divididos

       entre muitos mundos ]

o pobre capitalismo...

as Madalenas de Caravaggio

manual de sobrevivência [ VIII ]

o alegre desespero [ António Gedeão ]

manual de sobrevivência [ VII ]

manual de sobrevivência [ VI ]

manual de sobrevivência [ V ]

manual de sobrevivência [ IV ]

manual de sobrevivência [ III ]

sombras [ José Gomes Ferreira ]

Phoolan Devi [ a valquíria dos pobres ]

schadenfreude [ capitalismo e inveja ]

a vida não é para cobardes

europa

a III Grande Guerra

FUCK YOU!

EU — die 27 kühe [ as 27 vacas ]

europa tu és uma puta!

bastardos!

o daguerreótipo de Deus...

o honrado cigano Melquíades...

cem anos de solidão...

manual de sobrevivência [ II ]

o salvador da América [ Allen Ginsberg ]

o salvador da América [ Walt Whitman ]

[ revolução V ] as mães do Alcorão

[ revolução IV ] paraíso e brutalidade

[ revolução III ] andar para trás...

[ revolução II ] para onde nos levam...

[ revolução I ] aonde nos prendem...

o problema da habitação

cartas de amor

a herança de Ritsos

as piores mentiras

elegia anti-capitalista

da janela de Vermeer

manual de sobrevivência [ I ]

de novo o Blitz...

antes de morrer

as valquírias

forretas e usurários

           [ lições da tragédia grega ]

Balthus, o cavaleiro polaco

abençoados os que matam...

diário kafkiano

Bertrand Russell: amor e destroços

U.E. — game over

DSK: uma pila esganiçada

coração

kadafi

o tempo e a eternidade

Bucareste, 1989: um Natal comunista

mistério

o Homem, a alma, o corpo e o alimento

          [ 1. a crise da narrativa ]

          [ 2. uma moral pós-moderna? ]

          [ 3. a hipótese Estado ]

o universo (im)perfeito

mural pós-moderno

Lisboa — saudade e claustrofobia

          [ José Rodrigues Miguéis ]

um cancro na América

Marx, (...) capital, putas e contradições

ás de espadas

pedras assassinas

Portugal — luxúria e genética

rosas vermelhas

Mozart: a morte improvável

1945: garrafas

1945: cogumelos

bombas de açúcar

pão negro

Saramago: a morte conveniente

os monstros e os vícios

porcos e cinocéfalos

o artifício da usura

a reserva de Mallarmé

o labirinto

os filhos do 'superesperma'

a vida é uma dança...

a puta que os pariu a todos...

walk, walk, walk [Walter Astrada]

Barthes, fotografia e catástrofe

Lua cheia americana [Ami Vitale]

a pomba de Cedovim

o pobre Modigliani

o voo dos pimparos

o significante mata?

a Europa no divã

a filha de Freud

as cores do mal

as feridas de Frida

perigosa convivência

—querida Marina! («I'm just a patsy!»)

a grande viagem...

histoire d'une belle humanité

o coelhinho foragido

o sono dos homens...

«propriedade do governo»

os dois meninos de O'Donnell

o barco dos sonhos

farinha da Lua

o enigma de Deus

«nong qua... nong qua...»

«vinho de arroz...»

magnífica guerra!

a lei do Oeste...

Popper (1902-1994)

 

 

 

SnapShots

 

 

os dias todos iguais, esses assassinos...

 

 

 

 

o Homem, a alma, o corpo

e o alimento [ 3 ]

 

 

 

 

foto DOROTHEA LANGE, Migrant Mother

Florence Owens Thompson, 32 anos, 7 filhos, viúva (Março de 1936).

 

Reflexões sobre o pós-moderno: as grandes depressões ocorrem hoje quase todos os dias à hora dos noticiários. Ao que nos levaram a globalização e a «sociedade não administrada» de Lyotard?

 

 

 

3. Ainda narrativa: a hipótese Estado

 

 

«Vivemos num mundo de opulência sem precedentes, mas também de privação e opressão extraordinárias. O desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente a sua condição de cidadãos.»

AMARTYA SEN

 

Amartya Sen deslocou-se a Portugal em Março de 2011. Quando lhe atribuía a distinção Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, a professora Teresa Carla Oliveira lembrou a importância das reflexões do Nobel da Economia (1998) «num período em que os hegemónicos neo-Hobbesianos são os mercados globais, em vez de governos ou políticas soberanas.»

 

Segundo o filósofo francês Gilles Lipovetsky (Métamorphoses de la Culture Libérale, 2002) a sociedade pós-moderna é caracterizada pelo desinvestimento público. Todos aspiramos a ter menos Estado — para ter mais liberdade económica, evidentemente —, mas ao mesmo tempo precisamos de mais Estado para regular os fluxos de capitais e para impedir as catástrofes. Este princípio — a «sociedade organizada» na acepção de Lyotard —,  é o que caracteriza a previdência social, ou «o conjunto de acções de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência social» (Fábio Zambitte Ibrahim, Curso de Direito Previdenciário, 2010).

E se, por fim, um Estado sem previdência é também um Estado sem alma, como aspirar ainda a uma democracia que se apresenta como «a capacidade concreta de cada indivíduo alcançar as metas que ele mesmo valoriza»? (Amartya Sen). Recordemos: a liberdade é «o carácter inconfundível que mostra aos demais que o nosso modo de vida não nos é imposto por outros» (Georg Simmel).

 

O desafio do Homem é continuar a sua narrativa (o seu «processo histórico», nas palavras de Condorcet e também de Arendt), conciliar o que é de todos com aquilo que deve pertencer também a cada um.

 

____

o capitalismo é bom para financiar o Estado

Ser capitalista, sim, mas que dignidade tem o capitalismo que atravessa continentes sob a impotência (ou a indiferença) dos Estados, anulando a cidadania? O capitalismo não paga as catástrofes naturais.

 

o marxismo é bom para distribuir a riqueza pelos trabalhadores

Ser marxista, e depois? Se o mercado é o princípio organizador da sociedade capitalista, que culpa teve Marx se no seio dos trabalhadores se movimentaram indivíduos impulsionados pelo mesmo desejo mesquinho de acumular riqueza, de monopolizar o capital?

 

neo-Hobbesianos

Thomas Hobbes (1588-1679) define o homem como uma espécie de predador de si mesmo («hominis lupus hominis», The Leviathan, 1651: man is a wolf to man, na tradução inglesa). Hobbes defende uma ideia centralista do Estado em tudo idêntica à actual dinâmica totalitária do mercado. Em resumo, na transposição para as democracias de massas, os governos tenderiam a favorecer os grandes interesses privados em detrimento dos interesses públicos.

 

guerra faz guerra como dinheiro faz dinheiro

A luta pela sobrevivência na narrativa humana não pode confundir-se com o instinto da besta hobbesiana (o moderno terrorismo), mas antes como um desafio permanente para dignificar a moral.

O modernismo ou o pós-modernismo, o capitalismo ou o marxismo em si não assustam, o que assusta é a falta de escrúpulo, a usura e a inveja, a corrupção e a crise da justiça, o desprezo pela educação, a violência gratuita, o voyeurismo e a barbárie que sempre acompanharam o Homem no seu processo histórico.

Condorcet (Marquês de Condorcet, Esquisse d'un tableau historique des progrès de l'esprit humain, 1795) contava com a capacidade do Homem para se aperfeiçoar infinitamente. Como Arendt, Touraine, Lyotard, Popper, Weber, Adorno, Horkheimer, Steiner, Descartes, Lipovetsky, Sébastien Charles, Habermas, Amartya Sen, Georg Simmel, Marx...

 

 

 

 

anterior  |  início  |  seguinte

 

 

A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

GÖRAN PALM

 

webdesign antero de alda, desde 2007