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  Post 050 -  Julho de 2011  

 

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foto JAMES NACHTWEY, Ruanda, 1994.

 

 

 

«Beleza é verdade.»

JOHN KEATS, 1820.

 

 

 

Irrefutáveis teorias científicas, de Pitágoras a Platão, Galileu, Kepler, Newton, Einstein... confortaram-nos durante séculos sucessivos com a ideia de que o aparente caos do Universo é manifestação de uma unidade e uma harmonia absolutas entre tudo o que existe. A separação entre o Belo e o Verdadeiro, típica do absolutismo clássico, faz ainda parte do mesmo festim romântico que funde em conveniente dissimulação realidade e ficção.

 

Para as religiões, duma maneira geral, esse conforto reside na crença numa figura divina, omnisciente e omnipresente, que nos criou à sua imagem e que nos protege e orienta para além da própria morte.

 

A literatura marxista, orientada para o realismo crítico e já consciente da diversidade da Natureza, parece ter sido fundada no mesmo princípio estético do "belo-horrível" da tradição gótica (as deformidades de Quasimodo não o impediram de ser herói em Nossa Senhora de Paris de Victor Hugo, como bem recorda Massaud Moisés).

Outras teorias científicas mais recentes, baseadas no primado do materialismo da Física moderna, sustentam que Deus — ou, para os ateus, a figuração de tudo o que é perfeito — não é necessário para justificar a criação do Mundo («One can't prove that God doesn't exist, but science makes God unnecessary.» Stephen Hawking, 2010).

 

Por fim, Marcelo Gleiser (para quem, segundo o Nobel da Química Roald Hoffmann, a beleza subsiste num Universo imperfeito, assimétrico e acidental), defende que «toda a transformação que ocorre no mundo natural é resultado de alguma forma de desequilíbrio.»

 

 

 

 

«Até o Céu tem limites.»

(Trad. de The Great Gatsby, F. Scott Fitzgerald, 1925)

 

 

Caminhando sobre milénios de ignorância (a guerra é a máxima tragédia humana, e essa ninguém domina), para clássicos e modernos o mistério da morte permanece como a grande vingança, a derrota implacável, a extrema fealdade. Mas, pensando bem, a verdadeira beleza não estará nesse paradoxo entre as limitações do espaço e do tempo e a capacidade que temos de nos desfazermos dos nossos corpos, sucedendo-nos infinitamente uns aos outros agarrados ao que não é simplesmente matéria?

 

______

não é crime morrer de morte natural

Recordando Borges — o cego Jorge Luis Borges, servo na Babilónia e invisível na Lua, já abraçado ao pai celestial ou escondido no Buraco Negro atrás dos planetas —, o nosso maior pecado é não sermos felizes... Infelizmente, a angústia geral talvez esteja mais em saber que — mais física ou mais metafísica — todos vamos morrer. Ainda segundo o mítico animal borgiano («ele não era um cego verdadeiro», diz o cubano Cabrera Infante), todos os caminhos levam à morte. Saber perder-se (como saber morrer) pode ser a chave de muitos mistérios.

 

 

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A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

GÖRAN PALM

 

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