Popper (1902-1994)
«O
homem que alimenta a galinha durante toda a vida desta é quem
finalmente lhe torce o pescoço...»
BERTRAND
RUSSELL

foto LUÍS
RAMOS EXPRESSO 6JUL2002
Será
que o facto de um fenómeno se observar repetidamente nos fornece
alguma base racional para acreditarmos que ele se verificará no
futuro? A teoria da indução, defendida por David Hume (1711-1776),
foi seguida pelo célebre Círculo de Viena, o grupo de reflexão
fundado em 1924 por Moritz Schlick ao qual se juntaram Kurt Gödel,
Rudolf Carnap, Otto Neurath e Hans Hahn.
Nascido na capital austríaca, Karl Popper era de origem judaica e
foi forçado pelos nazis a emigrar para a Nova Zelândia...
Contrariando as teorias do positivismo lógico e do determinismo
histórico, Popper não desprezou a metafísica, a discussão
especulativa e a moral: o conhecimento não se formula por indução,
mas antes por um processo de conjecturas e refutações. Este
princípio esteve na base da sua obra «A Sociedade Aberta e os seus
inimigos», na qual formulou a mais indignada questão da modernidade:
«Quem deve governar?». Devemos abandonar essa pergunta — disse —, e
«substituí-la por esta nova questão: como poderemos organizar as
instituições políticas de forma que os governantes maus ou
incompetentes possam ser impedidos de provocar mais danos?»
As
teorias científicas jamais poderão ser provadas pela repetição de
observações concordantes com as suas previsões.
Para
Popper, uma teoria só pode ser cientificamente aceite se for
refutável. É este o princípio revolucionário de democracia que veio
a ser assimilado pelas sociedades modernas. Haverá alguma forma,
irrefutável, de o aplicar?

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