ANTERO DE ALDA Photography Recent Works

 

ace of spades

 

My dear Colby,

give me 300 pounds.

I have a dozen

village managers

plus two heads of district.

 

How much can you give for ten fingernails

torn out of the hands

of a woman from

Long An?

 

My dear Colby,

could you get me an ace of spades,

to put in the mouth

of the next beheaded Vietcong?

 

ANTERO DE ALDA

May 1999

 

 

 

Victims of «Phoenix Program» (1967-75).

Photo by BBC-TV/NRK

 

 

Colby = William C.; CIA agent, in charge of leading the «Phoenix Program» in Vietnam, since 1968 until its closure, in 1975.

300 pounds = according to later revelations, Americans seduced the Vietnamese villagers by paying them according to the rank of the killed Communists. 20 pounds per each village manager and 30 pounds per each district officer

 

 

____

The Ace of Spades: this is a warrior card. The prolific American military symbolism gives it a special meaning: it was adopted by different companies, appearing on the hull of aircrafts, in flags, on soldier’s helmets... Over the (19)60’s in Vietnam, the ace of spades was instrumental in the psychological warfare which combined two different interpretations: the natives feared because of the associated killings and the Americans used it as a signature, a representation of power, threat and glory (some U.S. companies even sent these cards in industrial quantities for the battlegrounds).

This dichotomy helps us to understand the existence of two traditional esoteric currents. For some it's the last card in the deck, known as the "card of death". Each deck has 52 cards, as many as the weeks in one year, and is spread over four suits, corresponding to the four seasons, each suit with 13 cards, corresponding to the thirteen lunar months of the Celts. Thus, the ace of spades kills the year and symbolizes the beginning of the winter cycle. For others, the ace of spades, as all aces, takes precedence in the deck, symbolizes a starting point, the beginning of something new and ultimately, is a symbol of victory.

In 1977 the ace of spades re-emerged in the U.S. as the soldier’s combat guide in ("Soldiers Guide to Combat Intelligence") and, despite having been banned by the military hierarchies, resurfaced yet again in 1990, in the Gulf War, with the inscription “Desert Shield”, gain by of U.S. soldiers initiative. At the same time, the ace of spades with the effigy of Saddam Hussein was very popular.

It is a fact that some years before the Vietnam War, the Japanese used not the ace of spades but the ace of hearts as propaganda, in the Battle of the Philippines (1941-42), carrying anti-American messages («The number of maimed and disabled men, or of those driven insane, exceeds by far the total capacity of all hospitals in the US»).


English version 

 

Antero de Alda: Câmara Antiga (às de espadas)

 

 

contacto

poesia

fotografia

home

 

  Post 045 -  Novembro de 2010  

 

foto: Carlos Vilela 2010

 

www.anterodealda.com

 

 

pesquisar neste blog

 

Recentes

 

o editor pergunta-me...

          [ a reserva de Mallarmé ]

 

 

Antigas

 

o ministro foi às putas de pequim

manual de sobrevivência [ XXV ]

o comboio de... Cristina Peri Rossi

o tesoureiro de Leipzig

manual de sobrevivência [ XXIV ]

manual de sobrevivência [ XXIII ]

manual de sobrevivência [ XXII ]

e o lado oculto da Europa...

a Espanha oculta de...

          [ Cristina García Rodero ]

o cortejo dos amortalhados

EU — only for rich

a essência do Capitalismo

a essência de um Capitalista

os filhos do Diabo

manual de sobrevivência [ XXI ]

ódio à Democracia [ III ]

ódio à Democracia [ II ]

ódio à Democracia [ I ]

Warhol [ 85 anos ]

manual de sobrevivência [ XX ]

manual de sobrevivência [ XIX ]

manual de sobrevivência [ XVIII ]

taitianas de Gauguin

retratos de Van Gogh

nunca serei escravo de nenhum terror

as coisas [ Jorge Luis Borges ]

manual de sobrevivência [ XVII ]

manual de sobrevivência [ XVI ]

Portugal, noite e nevoeiro

o corno de Deus

manual de sobrevivência [ XV ]

manual de sobrevivência [ XIV ]

manual de sobrevivência [ XIII ]

a filha de Galileu

um museu para o Eduardo

manual de sobrevivência [ XII ]

manual de sobrevivência [ XI ]

Torricelli, Pascal, Hobbes, razão, utopia e claustrofobia

manual de sobrevivência [ X ]

manual de sobrevivência [ IX ]

os diabos no quintal

     [ histórias de homens divididos

       entre muitos mundos ]

o pobre capitalismo...

as Madalenas de Caravaggio

manual de sobrevivência [ VIII ]

o alegre desespero [ António Gedeão ]

manual de sobrevivência [ VII ]

manual de sobrevivência [ VI ]

manual de sobrevivência [ V ]

manual de sobrevivência [ IV ]

manual de sobrevivência [ III ]

sombras [ José Gomes Ferreira ]

Phoolan Devi [ a valquíria dos pobres ]

schadenfreude [ capitalismo e inveja ]

a vida não é para cobardes

europa

a III Grande Guerra

FUCK YOU!

EU — die 27 kühe [ as 27 vacas ]

europa tu és uma puta!

bastardos!

o daguerreótipo de Deus...

o honrado cigano Melquíades...

cem anos de solidão...

manual de sobrevivência [ II ]

o salvador da América [ Allen Ginsberg ]

o salvador da América [ Walt Whitman ]

[ revolução V ] as mães do Alcorão

[ revolução IV ] paraíso e brutalidade

[ revolução III ] andar para trás...

[ revolução II ] para onde nos levam...

[ revolução I ] aonde nos prendem...

o problema da habitação

cartas de amor

a herança de Ritsos

as piores mentiras

elegia anti-capitalista

da janela de Vermeer

manual de sobrevivência [ I ]

de novo o Blitz...

antes de morrer

as valquírias

forretas e usurários

           [ lições da tragédia grega ]

Balthus, o cavaleiro polaco

abençoados os que matam...

diário kafkiano

Bertrand Russell: amor e destroços

U.E. — game over

DSK: uma pila esganiçada

coração

kadafi

o tempo e a eternidade

Bucareste, 1989: um Natal comunista

mistério

o Homem, a alma, o corpo e o alimento

          [ 1. a crise da narrativa ]

          [ 2. uma moral pós-moderna? ]

          [ 3. a hipótese Estado ]

o universo (im)perfeito

mural pós-moderno

Lisboa — saudade e claustrofobia

          [ José Rodrigues Miguéis ]

um cancro na América

Marx, (...) capital, putas e contradições

ás de espadas

pedras assassinas

Portugal — luxúria e genética

rosas vermelhas

Mozart: a morte improvável

1945: garrafas

1945: cogumelos

bombas de açúcar

pão negro

Saramago: a morte conveniente

os monstros e os vícios

porcos e cinocéfalos

o artifício da usura

a reserva de Mallarmé

o labirinto

os filhos do 'superesperma'

a vida é uma dança...

a puta que os pariu a todos...

walk, walk, walk [Walter Astrada]

Barthes, fotografia e catástrofe

Lua cheia americana [Ami Vitale]

a pomba de Cedovim

o pobre Modigliani

o voo dos pimparos

o significante mata?

a Europa no divã

a filha de Freud

as cores do mal

as feridas de Frida

perigosa convivência

—querida Marina! («I'm just a patsy!»)

a grande viagem...

histoire d'une belle humanité

o coelhinho foragido

o sono dos homens...

«propriedade do governo»

os dois meninos de O'Donnell

o barco dos sonhos

farinha da Lua

o enigma de Deus

«nong qua... nong qua...»

«vinho de arroz...»

magnífica guerra!

a lei do Oeste...

Popper (1902-1994)

 

 

 

SnapShots

 

 

os dias todos iguais, esses assassinos...

 

ás de espadas

 

 

 

 

My dear Colby

dá-me 300 libras.

Tenho uma dúzia de

quadros de aldeia

mais dois chefes de distrito.

 

Quanto me dás por dez unhas

arrancadas das mãos

de uma mulher de

Long An?

 

My dear Colby

arranjas-me um ás de espadas

para pôr na boca

do próximo vietcong

decapitado?

 

Antero de Alda

My Dear Colby

Maio de 1994

in «O Século C.N.A.» (ed. Fábrica de Poesia, 1999).

 

 

 

 

 

 

 

 

Vietnamitas vítimas do «Programa Fénix» (1967-75).

Fonte BBC-TV/NRK

 

 

 

Colby = William C.; agente da CIA encarregado de chefiar o «Programa Fénix» no Vietname, desde 1968 até ao seu término em 1975.

300 libras = segundo revelações posteriores, os americanos seduziam os aldeãos vietnamitas pagando-lhes consoante a patente dos comunistas abatidos. 20 libras por um quadro de aldeia e 30 libras por um chefe de distrito.

 

____

"ás de espadas"

Trata-se de uma carta guerreira. A prolixa simbologia militar norte-americana atribui-lhe um significado especial: foi adoptada por diferentes companhias, figurando no casco de aviões, em bandeiras, nos capacetes dos soldados... Nos anos (19)60, no Vietname, o ás de espadas foi peça fundamental numa guerra psicológica que reuniu duas interpretações distintas: os indígenas temiam-na pela mortandade que lhe era associada e os americanos usavam-na como assinatura, representação de poder, ameaça e glória (algumas empresas norte-americanas chegaram a enviar estas cartas em quantidades industriais para o palco de batalha).

Esta dicotomia ajuda a compreender a existência de duas correntes esotéricas tradicionais. Para alguns é a última carta do baralho, conhecida como a «carta da morte». Cada baralho tem 52 cartas, tantas quantas as semanas do ano, sendo que estão distribuídas por 4 naipes, que correspondem às quatro estações, cada naipe com 13 cartas, correspondendo aos treze meses lunares celtas. Assim, o ás de espadas mata o ano e simboliza o início do ciclo do Inverno. Para outros o ás de espadas, como todos os ases, tem a primazia no baralho, simboliza um ponto de partida, o início de algo de novo e em última instância é símbolo de vitória.

Em 1977 o ás de espadas reapareceu nos E.U.A. como guia dos soldados em combate ('Soldiers Guide to Combat Intelligence') e, apesar de ter sido proibido pelas hierarquias militares, ressurgiu ainda em 1990, na Guerra do Golfo, com a inscrição «Desert Shield», de novo por iniciativa dos soldados norte-americanos. Na mesma época foi muito difundido o ás de espadas com a efígie de Saddam Hussein.

É certo que alguns anos antes da Guerra do Vietname, os japoneses utilizaram não o ás de espadas mas o ás de copas como propaganda na Batalha das Filipinas (1941-42), com mensagens anti-americanas («The number of maimed and disabled men, or of those driven insane, exceeds by far the total capacity of all hospitals in the US»).

 

 

 

anterior  |  início  |  seguinte

 

 

A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

GÖRAN PALM

 

webdesign antero de alda, desde 2007