manual de
sobrevivência [ IX ]
Disse Camus em Estocolmo, pouco depois de
receber o Nobel da
Literatura, em Dezembro de 1957: «As pessoas andam a lançar bombas nos eléctricos de Argel. A
minha mãe pode estar num desses eléctricos. Se isso é justiça, então
eu prefiro a minha mãe.»

foto TASLIMA AKHTER
O abraço final, revista TIME,
8 de Maio de 2013.
Um casal de funcionários de uma fábrica
de
têxteis da periferia de Dacca, Bangladesh, morreu abraçado nos
escombros do prédio que ruiu no dia
24 de Abril.
A propósito da sua imagem, a fotógrafa disse à revista TIME: «Acreditamos que, se não melhorarem as condições dos trabalhadores, para que recebam o salário adequado e tenham condições de segurança, o desenvolvimento não é possível.»
A fotografia diz o resto.
Fiz hoje uma revolução.
Assim falou quem
disse amo-te!
ou mãe estava
agora a pensar em ti ou
filho dá-me a tua mão.
(Pouco importa se
te esqueceste de trazer
sacos do lixo do
supermercado).
_______
Os europeus estão cada vez mais como os americanos, que só se
interessam por dinheiro e até no eBay chegam a leiloar
próteses dentárias.
A OCDE alerta para os perigos do «excessivo emagrecimento do
Estado», mas continua a sugerir que se baixem os salários e se
aumente o horário de trabalho para
podermos competir com a China, a Indonésia, a Malásia, o
Bangladesh...
O governo português aumentou 65 vezes os impostos nos últimos dois anos e até um conhecido
banqueiro diz hoje nos jornais: «Nunca vi uma crise tão
destruidora. Não há absolutamente nada garantido» (Diário de
Notícias, 11 de Maio).
Há coisas que não podemos deixar que nos destruam, para além da
capacidade que temos para sobreviver.

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