
foto:
Carlos Vilela 2010
www.anterodealda.com
Recentes

o editor pergunta-me...
[
a reserva de Mallarmé ]
Antigas

o ministro foi às putas de pequim
manual de sobrevivência
[ XXV ]
o comboio de... Cristina Peri Rossi
o tesoureiro de Leipzig
manual de sobrevivência
[ XXIV ]
manual de sobrevivência
[ XXIII ]
manual de sobrevivência
[ XXII ]
e o lado oculto da Europa...
a Espanha oculta de...
[
Cristina García Rodero ]
o cortejo dos amortalhados
EU — only for rich
a essência do Capitalismo
a essência de um Capitalista
os filhos do Diabo
manual de sobrevivência
[ XXI ]
ódio à Democracia
[ III ]
ódio à Democracia
[ II ]
ódio à Democracia
[ I ]
Warhol
[ 85 anos ]
manual de sobrevivência
[ XX ]
manual de sobrevivência
[ XIX ]
manual de sobrevivência
[ XVIII ]
taitianas de Gauguin
retratos de Van Gogh
nunca serei escravo de nenhum terror
as coisas [
Jorge Luis Borges ]
manual de sobrevivência
[ XVII ]
manual de sobrevivência
[ XVI ]
Portugal, noite e nevoeiro
o corno de Deus
manual de sobrevivência
[ XV ]
manual de sobrevivência
[ XIV ]
manual de sobrevivência
[ XIII ]
a filha de Galileu
um museu para o Eduardo
manual de sobrevivência
[ XII ]
manual de sobrevivência
[ XI ]
Torricelli, Pascal, Hobbes, razão, utopia e claustrofobia
manual de sobrevivência
[ X ]
manual de sobrevivência
[ IX ]
os diabos no quintal
[ histórias de
homens divididos
entre muitos mundos ]
o pobre capitalismo...
as Madalenas de Caravaggio
manual de sobrevivência
[ VIII ]
o alegre desespero
[ António Gedeão ]
manual de sobrevivência
[ VII ]
manual de sobrevivência
[ VI ]
manual de sobrevivência
[ V ]
manual de sobrevivência
[ IV ]
manual de sobrevivência
[ III ]
sombras [
José Gomes Ferreira ]
Phoolan Devi [
a valquíria dos pobres ]
schadenfreude [
capitalismo e inveja ]
a vida não é para cobardes
europa
a III Grande Guerra
FUCK YOU!
EU — die 27 kühe [ as 27 vacas ]
europa tu és uma puta!
bastardos!
o daguerreótipo de Deus...
o honrado cigano Melquíades...
cem anos de solidão...
manual de sobrevivência
[ II ]
o salvador da América [ Allen Ginsberg ]
o salvador da América [ Walt Whitman ]
[ revolução V ] as mães do Alcorão
[ revolução IV ] paraíso e brutalidade
[ revolução III ] andar para trás...
[ revolução II ] para onde nos levam...
[ revolução I ] aonde nos prendem...
o problema da habitação
cartas de amor
a herança de Ritsos
as piores mentiras
elegia anti-capitalista
da janela de Vermeer
manual de sobrevivência
[ I ]
de novo o Blitz...
antes de morrer
as valquírias
forretas e usurários
[ lições da tragédia grega ]
Balthus, o cavaleiro polaco
abençoados os que matam...
diário kafkiano
Bertrand Russell: amor e destroços
U.E. — game over
DSK: uma pila esganiçada
coração
kadafi
o tempo e a eternidade
Bucareste, 1989: um Natal comunista
mistério
o Homem, a alma, o corpo e o alimento
[
1. a crise da narrativa ]
[
2. uma moral pós-moderna? ]
[
3. a hipótese Estado ]
o universo (im)perfeito
mural pós-moderno
Lisboa — saudade e claustrofobia
[ José Rodrigues Miguéis ]
um cancro na América
Marx, (...) capital, putas e contradições
ás de espadas
pedras assassinas
Portugal — luxúria e genética
rosas vermelhas
Mozart: a morte improvável
1945: garrafas
1945: cogumelos
bombas de açúcar
pão negro
Saramago: a morte conveniente
os monstros e os vícios
porcos e cinocéfalos
o artifício da usura
a reserva de Mallarmé
o labirinto
os filhos do 'superesperma'
a vida é uma dança...
a puta que os pariu a todos...
walk, walk, walk [Walter Astrada]
Barthes, fotografia e catástrofe
Lua cheia americana [Ami Vitale]
a pomba de Cedovim
o pobre Modigliani
o voo dos pimparos
o significante mata?
a Europa no divã
a filha de Freud
as cores do mal
as feridas de Frida
perigosa convivência
—querida
Marina! («I'm just a patsy!»)
a
grande viagem...
histoire d'une belle humanité
o coelhinho foragido
o
sono dos homens...
«propriedade do governo»
os dois meninos de O'Donnell
o barco dos sonhos
farinha da Lua
o
enigma de Deus
«nong qua... nong qua...»
«vinho de arroz...»
magnífica guerra!
a
lei do Oeste...
Popper (1902-1994)
SnapShots

os dias todos iguais, esses assassinos...
|
«Portugal
possui, ainda, sinais de uma pobreza tradicional, muito associada ao
mundo rural, e onde a privação de indicadores mínimos de conforto é
clara...»
POEFDS (Programa Operacional Emprego Formação e Desenvolvimento
Social)

Mulher junto ao seu quarto de dormir (Lindoso, 1991).
foto GEORGES
DUSSAUD Portugal Trás-os-Montes PORTRAITS

Emigração
portuguesa nos anos (19)60.
foto
GERALD BLONCOURT SUD-EXPRESS Portugal
Num quadro
comunitário que nos é cada vez mais imposto, a agravada situação de
pobreza em Portugal não parece, hoje, poder resolver-se apenas com novas
lutas de classes ou com a emigração. O emergir da violência é o
cenário mais provável, especialmente nas grandes cidades. As povoações do interior são mais imunes a este
fenómeno, porque aqui a pobreza não convive tanto com os sinais
exteriores de riqueza ou a evidência das desigualdades.
A União Europeia acabou de aprovar, na Conferência
Internacional de Doha, no Qatar, um plano interno anti-crise
que, segundo as organizações não governamentais, irá reduzir
os apoios aos países mais pobres, o que contraria os
compromissos assumidos com a Organização das Nações Unidas
em 2000 no âmbito dos Objectivos do Milénio (reduzir em 50%
os números da pobreza até 2015).
O governo português rejubila: é o segundo (só atrás da
Itália) da lista dos não cumpridores do acordo com a ONU,
com uma atribuição de 0,2% do Produto Interno Bruto (a UE
prometeu atribuir aos países mais pobres 0,56% do seu PIB
até 2010 e 0,7% até 2015). Em contrapartida, parece estar
particularmente preocupado em resolver a crise financeira
dos bancos que subsidiaram, nos últimos anos, o exponencial
aumento da riqueza de antigos políticos que em pouco tempo
se transformaram em mediáticos empresários de sucesso.
Em 2006, os números do Instituto Nacional de Estatística
indicavam 16% da população nacional em risco de pobreza
extrema, ainda abaixo da Espanha (o CIA World FactBook
atribuía 19,8% à Espanha e 18% a Portugal) e de alguns
países do Leste, como a Polónia e a Eslováquia. Apesar do
governo português anunciar uma melhoria dos números da
pobreza, todas as notícias indicam que em 2008 o nosso país passou para o topo da tabela dos mais pobres da
UE, ultrapassando a barreira histórica dos dois milhões de
pessoas com rendimentos inferiores a 400 euros mensais.
Enquanto
isto, do
outro lado está um grupo de dois milhões de pessoas que reúne
cerca de 45% de todo o rendimento monetário líquido
nacional, o que leva a que o fosso entre ricos e pobres em
Portugal seja o maior no conjunto dos países da União
Europeia [segundo o INE, o rendimento médio dos dois milhões de portugueses mais ricos do país é
6,8 vezes maior do que o rendimento médio dos dois milhões de
pessoas mais pobres].
Fernando Nobre fez
o diagnóstico da situação: «No último ano os cem
portugueses mais ricos viram a sua fortuna aumentar cerca de
um terço (33%), quando a média da população portuguesa só
conseguiu aumentar o seu rendimento em cerca de 2%». E o
fundador da Assistência Médica Internacional conclui assim,
em 2007, a sua análise: «Quanto maior é o índice de
desigualdade de um país, menor é o seu índice de
desenvolvimento.»
Mas, se a pobreza constitui «uma violação dos direitos
humanos» (conforme a define o Projecto de Resolução 356/X da
Assembleia da República, de Julho de 2008), quando associada
às evidências da desigualdade — num quadro legislativo
comunitário que beneficia o comércio global, negligencia o
crime através de mudanças do Código Penal, reduz os encargos do Estado com os bens
essenciais como a Saúde, a Educação e a Justiça —, torna-se
necessário perceber que ela já está a transformar-se num
rastilho de violência e rapidamente porá em causa o próprio conceito de
desenvolvimento. Porque «a pobreza não só constitui uma
injustiça infligida aos pobres, que são as suas primeiras
vítimas, como também tem consequências negativas para a
democracia, a sustentabilidade do desenvolvimento e a paz
social.» (Assembleia da República, Projecto de Resolução
260/X, de Fevereiro de 2008).
«Portugal
possui, ainda, sinais de uma pobreza tradicional, muito associada ao
mundo rural, e onde a privação de indicadores mínimos de conforto é
clara...», refere o POEFDS. A
verdade é que, segundo o mesmo estudo, estes fenómenos de pobreza e
exclusão social também existem «nas maiores concentrações urbanas,
especialmente nas Áreas Metropolitanas.» É aqui que a
grande criminalidade irá explodir, porque no interior subdesenvolvido
(por enquanto) não é tão óbvia
essa perigosa convivência entre pobres e desiguais...
Então, a quem interessará o subdesenvolvimento?
Fontes: INE, POEDS, CIA World FactBook,
Parlamento.pt, Diário Económico
(Sofia Lobato Dias) e Diário de Notícias (Alexandra
Carreira)

anterior
|
início
| seguinte
|