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  Post 094 -  Setembro de 2012  

 

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schadenfreude

[ capitalismo e inveja ]

 

 

Quando um primeiro-ministro tem que usar a porta das traseiras é porque não merece a confiança do seu povo. Mas, que dizer de um povo que vive abaixo da sua inteligência?

 

Ainda Juan Gelman e essa «felicidade de andarmos tão infelizes» (porque, se calhar, todos jogamos com a morte...)

 

 

 

 

O capitalismo é uma máquina poderosa: tanto provoca o desejo como fabrica inimigos. O desejo leva à cobiça («eu quero o que o outro tem!»), e os inimigos vêm da inveja («na verdade, o que eu quero é que o outro não tenha...»)

 

Todos (desde crianças, porque muito cedo desenvolvemos o sentimento de prazer na posse) somos filhos do capitalismo, porque olhamos o mundo como objecto da nossa conquista. E, mais do que preocuparmo-nos com os outros e em manter amizades veneráveis (porque os outros nos suscitam respeito ou simplesmente porque são parceiros no nosso negócio), destruímo-los enquanto potenciais concorrentes.

 

Condenados a esta ditadura mortal de presumirmos superioridade ou sublimarmos inferioridade, temos que aprender a deixar de ser felizes com a infelicidade daqueles que nos estão mais próximos...

 

 

 

 

foto DIANE ARBUS, Child with toy hand grenade, NY Central Park, 1962.

 

 

 

 

 

 

schadenfreude e a Alemanha: o complexo de inferioridade 1

 

UE — Wolfgang Schuble lava-pés, 2012.

ANTERO DE ALDA Da série Videografias do Lixo Pós-Moderno

 

   1 Nietzsche supõe que sentimentos de inferioridade intensificam o schadenfreude

 

 

schadenfreude e a concorrência: o teu produto não é tão bom como o meu 2

   2 Ou: a tua empresa tem menos lucros do que a minha

 

 

schadenfreude e o povo:

eu estou mal, mas sou feliz porque tu estás pior do que eu...3

   3 A civilização actual continuamente priva os seus consumidores do que continuamente lhes promete, assim diziam Adorno e Horkheimer.

 

 

 

_______

"schadenfreude"

Schadenfreude é uma palavra de origem alemã resultante da associação entre schaden (prejuízo) e freude (alegria), que se aplica quando alguém obtém prazer com a desgraça dos outros. Conhecidas teorias da psicologia social (Teoria da Comparação Social: A theory of social comparison processes, Leon Festinger, EUA, 1954) identificam o conceito de schadenfreude como a tendência comum para classificarmos os nossos desejos e as nossas opiniões através da comparação que fazemos com os nossos vizinhos, querendo dizer: a ordem social do mundo não é determinada pelo altruísmo, mas antes por uma vontade guerreira de aniquilar aqueles que concorrem com a nossa felicidade. Naturalmente, outras teorias entendem que esta visão do mundo limita a inteligência (e a liberdade) de cada um.

 

"complexo de inferioridade"

Há ainda teorias (Roger Brown, Social Psychology, EUA, 1965) que identificam uma espécie de psicologia social nazi baseada na sublimação (O tipo oposto: Der Geqentypus, Erich Rudolf Jaensch, Alemanha, 1938) com a tendência para sustentar que autoritarismo não é mais do que estabilidade, individualismo é firmeza, egoísmo é auto-confiança, desvio é conversão corajosa... Assim se compreenderá que para os poderosos (que em boa verdade são mais do tipo avareza: «eu sou mais rico do que tu» ou «a minha empresa tem mais lucros do que a tua»), a inveja é o que move os mais fracos.

 

 

 

 

 

No dia em que o primeiro-ministro português, de visita a uma fábrica de chocolates, teve de entrar pela porta das traseiras para fugir dos invejosos que o elegeram...

 

Post Scriptum 1 — Hoje [15 de Setembro] deu-se em Portugal a maior manifestação de sempre, convocada através do Facebook, contra a austeridade. Mas porque será que a austeridade só chegou ao Facebook um ano depois de ter chegado aos funcionários públicos?

 

Post Scriptum 2 — Hoje [20 de Setembro] o governo português recuou no aumento de impostos que levou à manifestação do dia 15, garantindo que a medida só se aplica a quem ganha mais de 700 euros/mês. Quer dizer: uma nova manifestação convocada através do Facebook já não voltará a mobilizar 1 milhão de pessoas... e mais uma vez quem vai ter que pagar a crise é a classe média.

 

Post Scriptum 3 — Hoje [21 de Setembro] quem gritou «Acordai» à frente da residência oficial do presidente da República foi a classe média, não foi o povo: na verdade, o povo não poderia gritar «Acordai» porque o povo não sabe quem é José Gomes Ferreira e muito menos Fernando Lopes-Graça. Grita-se hoje  «Acordai» neste país (também) porque a maior pobreza deste país é isso mesmo: a pobreza de espírito...

 

Post Scriptum 4 — Hoje [4 de Outubro] o ministro das finanças anunciou «um aumento brutal dos impostos» e logo a seguir afirmou que «o povo português é o melhor povo do mundo». Pois... a quem interessará o subdesenvolvimento?

 

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[ a felicidade devia ser exterminada! ]

[ elegia anti-capitalista ]

 

 

 

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