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do spleen ao jejuvy:
a grande viagem...
«O suicídio
é visto como uma fuga. (...)No fundo, as pessoas querem renascer
para viver de outra maneira. Não querem morrer por aniquilação.»
CARLOS
BRAZ
SARAIVA

foto NAIR
BENEDICTO/N Imagens
EXPRESSO 4JAN1992
Numa entrevista à revista «Notícias Magazine»
de 28 de Setembro de 2008, o psiquiatra Carlos Braz Saraiva sugeriu
que o suicídio possa ser uma opção de quem não quer morrer na
clandestinidade: não se suportando o peso de se estar vivo,
opta-se hoje muitas vezes por morrer numa auto-estrada em contramão...
Mas, como no poema de José Gomes Ferreira («Ah, se eu pudesse
suicidar-me por seis meses!», in O Poeta Militante,
1990), admite-se comummente que essa trágica forma de fuga tenha o
seu efeito boomerang: acreditará o
suicida numa possibilidade de retorno, num regresso a uma vida
diferente, numa espécie de reencarnação?
«SPLEEN» (A DOENÇA DO
TEMPO)
Há na história contemporânea diversos dramáticos
casos de suicídios em grupo, resultados duma espécie de «spleen»
colectivo baseado na convicção (muito comum entre seitas religiosas
radicais, por exemplo) de que o fim do mundo se aproxima.
Paralelamente, há na literatura diversos exemplos de excêntricas
formas de viver (e de morrer), que não serão mais do que, afinal, o
resultado de uma ética artística baseada no elogio da crise:
Baudelaire «não fez outra coisa senão vender a sua experiência
degradada e transformar o seu «spleen» em experiência estética»
(António Guerreiro, EXPRESSO/Revista, 29/09/1990). Na
verdade, muitos filósofos acreditam que a emergência das
modernidades reside na radical manifestação da precariedade e do
caos... a que deve suceder uma qualquer mudança, uma nova era.
Durante muitos anos acreditou-se que o estranho
suicídio de Walter Benjamin, conhecido pelas suas teorias sobre
estas "doenças do tempo" (o «spleen»), simbolizava a
decadência da modernidade perante a ascendência do fascismo: diz-se
que Benjamin se suicidou perto da fronteira de Espanha, depois duma
grande viagem pelos Pirinéus para fugir dos soldados de Hitler que
ocupavam a França, em 1940, quando lhe parecia de outro modo
inevitável o aniquilamento às mãos de Franco.
«JEJUVY» (SUICÍDIOS
GUARANI)
Perseguidos e espoliados das suas terras e dos seus
bens durante décadas consecutivas, os índios Guarani protagonizam
desde há muito um ritual de morte — o «jejuvy» — por
enforcamento (o método antigo) ou envenenamento (o método recente,
com recurso aos pesticidas utilizados nas novas culturas). Diversos
estudiosos e antropólogos acreditam que esta "epidemia suicida" dos
indígenas de Mato Grosso não é mais do que um grito de revolta:
«jejuvy» significa, na linguagem Guarani, aperto na
garganta, voz aniquilada, alma presa...
A morte dos jovens descendentes do Povo Vermelho (o
primeiro povo a habitar a Terra, segundo a lenda Guarani) é vista
como uma «performance»: habitualmente os suicidas são encontrados
com as suas melhores roupas, de banho tomado e perfumados, como se
se preparassem para uma grande viagem ou acreditassem numa
reencarnação... Mas, porque será que dos cerca de 50 indígenas que
se suicidam todos os anos a maioria são impúberes e adolescentes?
Não desconfiando das razões dos poucos milhares de índios guarani-kaiowá
que restam em Mato Grosso do Sul, confinados pela voracidade dos
negócios latifundiários a um pequeno pedaço de terra, o jornalista Roldão Arruda
d'O Estado de S. Paulo
acaba de anunciar que muitos dos jovens que são encontrados de
joelhos sobre as suas terras não são suicidas, mas vítimas de
genocídio... Esta teoria, aliás, foi já avançada em 1997 pela
investigadora Roseli Arruda, da Universidade Federal de Pernambuco,
numa dissertação de mestrado: ela admitia que mais de metade dos
presumíveis suicidas não apresentava indícios de sufocação e possuía
hematomas em todo o corpo... Eram aniquilados numa altura em que,
segundo a tradição indígena, atingiam a idade em que deveriam
receber a sua parcela de terra.
Agora está em marcha uma campanha contra esta nova
bárbara forma de
perseguição, que deverá chegar ao conhecimento do presidente Lula da
Silva nas próximas semanas.
Judeu e marxista auto-crítico, Walter Benjamim terá
falecido
num hotel da cidade catalã de Portbou, mas começa a duvidar-se que
tenha sido com uma dose de morfina. Segundo Momme Brodersen, autor
do livro Walter Benjamin: A Biography (ed. Verso, 1998), na
documentação produzida pelo juiz espanhol sobre a morte do filósofo
alemão não existem evidências do uso de drogas. Também neste caso,
recentes pesquisas levam a acreditar que Benjamin foi
assassinado por agentes soviéticos infiltrados em Espanha...

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