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  Post 014 -  Outubro de 2008  

 

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«O suicídio é visto como uma fuga. (...)No fundo, as pessoas querem renascer para viver de outra maneira. Não querem morrer por aniquilação.»

CARLOS BRAZ SARAIVA

 

 

 

foto NAIR BENEDICTO/N Imagens

EXPRESSO 4JAN1992

 

 

Numa entrevista à revista «Notícias Magazine» de 28 de Setembro de 2008, o psiquiatra Carlos Braz Saraiva sugeriu que o suicídio possa ser uma opção de quem não quer morrer na clandestinidade: não se suportando o peso de se estar vivo, opta-se hoje muitas vezes por morrer numa auto-estrada em contramão... Mas, como no poema de José Gomes Ferreira («Ah, se eu pudesse suicidar-me por seis meses!», in O Poeta Militante, 1990), admite-se comummente que essa trágica forma de fuga tenha o seu efeito boomerang: acreditará o suicida numa possibilidade de retorno, num regresso a uma vida diferente, numa espécie de reencarnação?

 

 

«SPLEEN» (A DOENÇA DO TEMPO)

 

Há na história contemporânea diversos dramáticos casos de suicídios em grupo, resultados duma espécie de «spleen» colectivo baseado na convicção (muito comum entre seitas religiosas radicais, por exemplo) de que o fim do mundo se aproxima. Paralelamente, há na literatura diversos exemplos de excêntricas formas de viver (e de morrer), que não serão mais do que, afinal, o resultado de uma ética artística baseada no elogio da crise: Baudelaire «não fez outra coisa senão vender a sua experiência degradada e transformar o seu «spleen» em experiência estética» (António Guerreiro, EXPRESSO/Revista, 29/09/1990). Na verdade, muitos filósofos acreditam que a emergência das modernidades reside na radical manifestação da precariedade e do caos... a que deve suceder uma qualquer mudança, uma nova era.

 

Durante muitos anos acreditou-se que o estranho suicídio de Walter Benjamin, conhecido pelas suas teorias sobre estas "doenças do tempo" (o «spleen»), simbolizava a decadência da modernidade perante a ascendência do fascismo: diz-se que Benjamin se suicidou perto da fronteira de Espanha, depois duma grande viagem pelos Pirinéus para fugir dos soldados de Hitler que ocupavam a França, em 1940, quando lhe parecia de outro modo inevitável o aniquilamento às mãos de Franco.

 

 

«JEJUVY» (SUICÍDIOS GUARANI)

 

Perseguidos e espoliados das suas terras e dos seus bens durante décadas consecutivas, os índios Guarani protagonizam desde há muito um ritual de morte — o «jejuvy» — por enforcamento (o método antigo) ou envenenamento (o método recente, com recurso aos pesticidas utilizados nas novas culturas). Diversos estudiosos e antropólogos acreditam que esta "epidemia suicida" dos indígenas de Mato Grosso não é mais do que um grito de revolta: «jejuvy» significa, na linguagem Guarani, aperto na garganta, voz aniquilada, alma presa...

 

A morte dos jovens descendentes do Povo Vermelho (o primeiro povo a habitar a Terra, segundo a lenda Guarani) é vista como uma «performance»: habitualmente os suicidas são encontrados com as suas melhores roupas, de banho tomado e perfumados, como se se preparassem para uma grande viagem ou acreditassem numa reencarnação... Mas, porque será que dos cerca de 50 indígenas que se suicidam todos os anos a maioria são impúberes e adolescentes?

 

 

Não desconfiando das razões dos poucos milhares de índios guarani-kaiowá que restam em Mato Grosso do Sul, confinados pela voracidade dos negócios latifundiários a um pequeno pedaço de terra, o jornalista Roldão Arruda d'O Estado de S. Paulo acaba de anunciar que muitos dos jovens que são encontrados de joelhos sobre as suas terras não são suicidas, mas vítimas de genocídio... Esta teoria, aliás, foi já avançada em 1997 pela investigadora Roseli Arruda, da Universidade Federal de Pernambuco, numa dissertação de mestrado: ela admitia que mais de metade dos presumíveis suicidas não apresentava indícios de sufocação e possuía hematomas em todo o corpo... Eram aniquilados numa altura em que, segundo a tradição indígena, atingiam a idade em que deveriam receber a sua parcela de terra.

Agora está em marcha uma campanha contra esta nova bárbara forma de perseguição, que deverá chegar ao conhecimento do presidente Lula da Silva nas próximas semanas.

 

Judeu e marxista auto-crítico, Walter Benjamim terá falecido num hotel da cidade catalã de Portbou, mas começa a duvidar-se que tenha sido com uma dose de morfina. Segundo Momme Brodersen, autor do livro Walter Benjamin: A Biography (ed. Verso, 1998), na documentação produzida pelo juiz espanhol sobre a morte do filósofo alemão não existem evidências do uso de drogas. Também neste caso, recentes pesquisas levam a acreditar que Benjamin foi assassinado por agentes soviéticos infiltrados em Espanha...

 

 

 

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