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  Post 117 -  Julho de 2013  

 

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os dias todos iguais, esses assassinos...

 

 

Os EUA e a União Europeia sempre olharam com desprezo para certas democracias latino-americanas. É uma falta de respeito inaceitável.

 

A União das Nações Sul-Americanas exige dos governos de Itália, França, Espanha e Portugal um pedido de desculpas a Evo Morales, por terem desprezado o avião do presidente da Bolívia suspeitando que Edward Snowden se encontrava a bordo.

Entretanto, a maioria dominada pelos partidos do governo na Assembleia da República já recusou condenar a proibição da aterragem do avião presidencial boliviano em território português.

É uma vergonha que a pátria de Gil Eanes, Duarte Pacheco Pereira, Fernão de Magalhães e tantos outros que deram novos mundos ao mundo esteja agora prisioneira dos americanos e da UE, que em vez de respeitarem as seculares relações de amizade e oportunidades de negócio estão a obrigar-nos a erguer muros e fronteiras.

 

 

 

o corno de Deus

 

 

 

Quando Moisés desceu do monte Sinai, trazendo nas mãos as duas tábuas do testemunho, ele ignorava ainda que a sua face se tornara cornuda por haver falado com Deus («...Ignorabat quod cornuta cutis faciei suae ex consortio sermonis Domini»).

Êxodo 34:29 da Vulgata latina.

 

 

 

 

O Corno de Ouro, postal de Constantinopla em 1890-1900.

 

 

 

1. as águas híbridas ou as pontes dos homens bons

 

Desde a antiguidade, o extenso Mar Mediterrâneo e o Egeu, com as suas margens povoadas com cidades, portos e abrigos, uniu mais do que separou, preservando uma imensidão de ricas comunidades de múltiplas religiões, múltiplas ideologias e múltiplas culturas. Pequenos barcos, navios e veleiros em grande número transportavam pessoas e mercadorias entre a antiga cidade-Estado de Atenas e a Creta do minotauro, pelo estreito do Adriático até à Sereníssima Veneza, pelo círculo afro-europeu da Córsega, Sardenha, Cartago e Siracusa, com o horizonte na ornamentada capital bizantina do Império Romano do Oriente, Constantinopla, a actual Istambul dos homens bons.

 

À volta do Corno de Ouro, desenhado pelas águas com as famosas portas e portos até ao Mar de Mármara, na mítica Istambul (a Grande Cidade, como lhe chamavam os vikings, ou a cidade melancólica segundo o Nobel Orhan Pamuk) ergueram-se sumptuosas pontes (a Gálata e a do Bósforo, principalmente), e a magnífica catedral de Santa Sofia, e a Mesquita Azul dos seis minaretes, o Grande Bazar, o Ciragan Palace dos famosos banhos turcos e o Pera Palace Hotel onde em tempos se instalaram Agatha Christie e muitos outros passageiros do Expresso do Oriente.

 

 

2. atrás das portas do mar

 

Entre o sagrado e o profano, o braço de água e a protuberância bovina (Bósforo quer dizer literalmente "passagem do boi") simbolizam a inexpugnável fronteira entre o Ocidente e o Oriente, só superada pela soberba guerreira, desde as conquistas de Alexandre o Magno, o coxo Tamerlão e Solimão o Magnífico, além de outros grandes e pequenos imperadores frígios, romanos, vikings, galeses, bizantinos, seljúcidas sunitas e otomanos, até ao massacre dos cristãos arménios durante a I Guerra Mundial. Ainda hoje, a Turquia preserva os destroços da acrópole de Bizâncio, as muralhas de Teodósio II e o castelo Rumeli (conhecido por fortaleza de el-Fatih, o sultão conquistador), planeia construir um muro na fronteira com a Síria e «define a vizinha Rússia como o inimigo, e as repúblicas emergentes da ex-URSS como um território privilegiado de intervenção» (Maria de Fátima Peixinho, A Turquia: fronteira entre dois mundos, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2009).

 

 

 

3. se o diabo tem dois cornos...

 

Ao Corno de Ouro alguns chamam também o Corno de Deus, e para estes, a partir dele a progressão para a Trácia Oriental (entre as costas da Anatólia e da Crimeia) torna-se sombria. Porém, a história universal das grandes conquistas e das grandes fronteiras não é exclusiva do mundo herege que se imagina para lá da elipse fria do Mar Negro.

 

Há, evidentemente, a Grande Muralha da China e o Muro de Berlim, mas também as incontáveis fronteiras romanas, o Limes germânico dos sessenta castelos e o Limes árabe que incluía as cidades de Petra e Nabateia, na actual Jordânia, o Muro de Trajano na Dácia antiga, as muralhas de Adriano e Antonino Pio no cinturão central escocês, as imponentes muralhas francesas de Carcassonne com a sua Torre da Inquisição contra os hereges Cátaros (que se tinham também como homens bons), e as muralhas espanholas de Lugo e Ávila, ambas com mais de oitenta torres, e as gregas dos Cavaleiros de S. João de Rodes, e os muros do Saara, da Cisjordânia, de Israel e dos Estados Unidos da América na fronteira com Tijuana, no México.

 

 

4. a herança do homem bom:

o Moisés cornudo de Michelangelo

e os Bezerros de Ouro

 

Resume-se tudo à herança do maior de todos os homens bons, o Moisés cornudo de Michelangelo, aquele que foi recolhido das águas, que levou os escravos do Egipto pelo deserto árido e forçou a passagem pelo Mar Vermelho, ou os Bezerros de Ouro dos donos de Israel e dos que lhes sucederam, concebidos para serem adorados pelo seu povo como falsos ídolos.

 

Grandes muros traçaram sempre o destino dos homens.

 

 

_______

"o Moisés cornudo de Michelangelo"

 

 

No monumental túmulo do Papa Júlio II, o Terrível, na Igreja de São Pedro Acorrentado (San Pietro in Vincoli) em Roma, figura o Moisés de Michelangelo, com dois chifres e ladeado pelas esculturas de duas outras figuras bíblicas: Lia, que representa a vida activa, e Raquel, que simboliza a vida contemplativa. Na verdade, o Moisés cornudo de Michelangelo poderá ter nascido de um equívoco de S. Jerónimo, o tradutor da Vulgata. Eis o texto corrigido: «Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas da lei. Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto se tornara resplandecente durante a sua conversa com Deus.»

Há outras teorias para esta insólita representação, que explicam também as famosas pinturas de Andrea da Firenze e José de Ribera, entre outros, em que os cornos de Moisés aparecem com plumas ou raios de luz.

 

 

 

No dia [ 4 de Julho de 2013 ] em que o jornal Le Monde garante que a França também faz espionagem informática. «Tous les services de renseignement occidentaux s'espionnent», diz Arnaud Danjean, ex-agente dos serviços secretos franceses.

Há ainda os muros da nossa privacidade.

 

 

 

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A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

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