«Foi logo ver o seu rocim, e embora tivesse mais
quartos que um real e mais tachas que o cavalo de Gonela (...), pareceu-lhe que nem o Bucéfalo de Alexandre
nem o Babieca de Cid se lhe igualavam.
Quatro dias passou a imaginar o nome que lhe poria, porque (segundo
dizia a si mesmo) não era razoável que cavalo de cavaleiro tão
famoso, de si mesmo tão bom, estivesse sem nome conhecido...
E assim, depois de muitos nomes que formou, apagou e abandonou,
acrescentou, desfez e tornou a fazer na sua memória e imaginação,
acabou por fim por lhe chamar ROCINANTE, nome no seu entender alto,
sonoro e significativo do que tinha sido quando foi rocim, antes do
que era agora, o primeiro entre os primeiros de todos os rocins do
mundo.»