manual de
sobrevivência
[ XVII ]
«Um diavolo! (...) Veramente ingegnoso. Uno
specchio!»
UMBERTO
ECO, O Nome
da Rosa, 1980.
Shoot image. Ainda a propósito do tiro
existencialista: à frente dos espelhos não se limpam armas.

foto HELMUT NEWTON
DJ Harvey 1988.
acordo e ouço o
hino miserável
das minhas inquietações
a realidade só é suportável
sob o olhar da
metáfora
às vezes é preciso cavar
cavar fundo cavar
até ao osso
se for preciso (oh triste risonho Demócrito!)
arranco os próprios olhos para pensar
a
sombra pode levar-me para onde
não quero ir
para grandes caminhadas
desfaço-me
dos inimigos e dos espelhos.
_______
Acredito tanto no espelho deformante de Eco
(«para usarmos bem o espelho, precisamos, antes de mais nada, saber que
temos um espelho à nossa frente», U.E., Sobre os espelhos e outros
ensaios,
1989) como no falso espelho fiel de Borges («...hay un espejo, que
fielmente duplica las apariencias», J.L.B., Ficciones, 1956).
Do cego Borges, acredito ainda nas sombras («Demócrito de Abdera arrancou os próprios olhos para pensar...»
e «talvez da minha sombra, fatais e ilusórios, surjam os dias.»
Jorge Luis Borges, Elogio da Sombra, 1969).
No dia [ 19 de Julho de 2013 ] em que os
socialistas recusaram assinar o "pacto de regime" com o governo, que queria
apenas salvar a pele
e continuar a cortar no Estado social para alimentar o cartel dos
mercados em que se transformou a União Europeia.
O dinheiro é uma
droga.
Continuo com uma arma enfiada na boca e
pronto a disparar.

anterior
|
início
| seguinte
|