contacto

poesia

fotografia

home

 

  Post 017 -  Março de 2009  

 

foto: Carlos Vilela 2010

 

www.anterodealda.com

 

 

pesquisar neste blog

 

Recentes

 

o editor pergunta-me...

          [ a reserva de Mallarmé ]

 

 

Antigas

 

o ministro foi às putas de pequim

manual de sobrevivência [ XXV ]

o comboio de... Cristina Peri Rossi

o tesoureiro de Leipzig

manual de sobrevivência [ XXIV ]

manual de sobrevivência [ XXIII ]

manual de sobrevivência [ XXII ]

e o lado oculto da Europa...

a Espanha oculta de...

          [ Cristina García Rodero ]

o cortejo dos amortalhados

EU — only for rich

a essência do Capitalismo

a essência de um Capitalista

os filhos do Diabo

manual de sobrevivência [ XXI ]

ódio à Democracia [ III ]

ódio à Democracia [ II ]

ódio à Democracia [ I ]

Warhol [ 85 anos ]

manual de sobrevivência [ XX ]

manual de sobrevivência [ XIX ]

manual de sobrevivência [ XVIII ]

taitianas de Gauguin

retratos de Van Gogh

nunca serei escravo de nenhum terror

as coisas [ Jorge Luis Borges ]

manual de sobrevivência [ XVII ]

manual de sobrevivência [ XVI ]

Portugal, noite e nevoeiro

o corno de Deus

manual de sobrevivência [ XV ]

manual de sobrevivência [ XIV ]

manual de sobrevivência [ XIII ]

a filha de Galileu

um museu para o Eduardo

manual de sobrevivência [ XII ]

manual de sobrevivência [ XI ]

Torricelli, Pascal, Hobbes, razão, utopia e claustrofobia

manual de sobrevivência [ X ]

manual de sobrevivência [ IX ]

os diabos no quintal

     [ histórias de homens divididos

       entre muitos mundos ]

o pobre capitalismo...

as Madalenas de Caravaggio

manual de sobrevivência [ VIII ]

o alegre desespero [ António Gedeão ]

manual de sobrevivência [ VII ]

manual de sobrevivência [ VI ]

manual de sobrevivência [ V ]

manual de sobrevivência [ IV ]

manual de sobrevivência [ III ]

sombras [ José Gomes Ferreira ]

Phoolan Devi [ a valquíria dos pobres ]

schadenfreude [ capitalismo e inveja ]

a vida não é para cobardes

europa

a III Grande Guerra

FUCK YOU!

EU — die 27 kühe [ as 27 vacas ]

europa tu és uma puta!

bastardos!

o daguerreótipo de Deus...

o honrado cigano Melquíades...

cem anos de solidão...

manual de sobrevivência [ II ]

o salvador da América [ Allen Ginsberg ]

o salvador da América [ Walt Whitman ]

[ revolução V ] as mães do Alcorão

[ revolução IV ] paraíso e brutalidade

[ revolução III ] andar para trás...

[ revolução II ] para onde nos levam...

[ revolução I ] aonde nos prendem...

o problema da habitação

cartas de amor

a herança de Ritsos

as piores mentiras

elegia anti-capitalista

da janela de Vermeer

manual de sobrevivência [ I ]

de novo o Blitz...

antes de morrer

as valquírias

forretas e usurários

           [ lições da tragédia grega ]

Balthus, o cavaleiro polaco

abençoados os que matam...

diário kafkiano

Bertrand Russell: amor e destroços

U.E. — game over

DSK: uma pila esganiçada

coração

kadafi

o tempo e a eternidade

Bucareste, 1989: um Natal comunista

mistério

o Homem, a alma, o corpo e o alimento

          [ 1. a crise da narrativa ]

          [ 2. uma moral pós-moderna? ]

          [ 3. a hipótese Estado ]

o universo (im)perfeito

mural pós-moderno

Lisboa — saudade e claustrofobia

          [ José Rodrigues Miguéis ]

um cancro na América

Marx, (...) capital, putas e contradições

ás de espadas

pedras assassinas

Portugal — luxúria e genética

rosas vermelhas

Mozart: a morte improvável

1945: garrafas

1945: cogumelos

bombas de açúcar

pão negro

Saramago: a morte conveniente

os monstros e os vícios

porcos e cinocéfalos

o artifício da usura

a reserva de Mallarmé

o labirinto

os filhos do 'superesperma'

a vida é uma dança...

a puta que os pariu a todos...

walk, walk, walk [Walter Astrada]

Barthes, fotografia e catástrofe

Lua cheia americana [Ami Vitale]

a pomba de Cedovim

o pobre Modigliani

o voo dos pimparos

o significante mata?

a Europa no divã

a filha de Freud

as cores do mal

as feridas de Frida

perigosa convivência

—querida Marina! («I'm just a patsy!»)

a grande viagem...

histoire d'une belle humanité

o coelhinho foragido

o sono dos homens...

«propriedade do governo»

os dois meninos de O'Donnell

o barco dos sonhos

farinha da Lua

o enigma de Deus

«nong qua... nong qua...»

«vinho de arroz...»

magnífica guerra!

a lei do Oeste...

Popper (1902-1994)

 

 

 

SnapShots

 

 

os dias todos iguais, esses assassinos...

 

as feridas de Frida

 

 

 

 

foto GUILLERMO KAHLO (1926)

 

 

 

 

«Poesia trata-se, antes de mais nada, de fazer música com a própria dor.»

PAUL VALÉRY

 

 

 

«A tarefa de Frida, como pintora, estava imbricada com a narração de sua catástrofe.»

Gilda Kelner, Suzana Boxwell e António Ricardo Rodrigues da Silva, Catástrofe e representação na pintura de Frida Kahlo

 

 

Lágrimas, negativos fotográficos de sangue...

 

Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón nasceu em Coyoacán, México, em Julho de 1907, filha de um judeu-alemão de nome Guillermo Kahlo e de uma bonita mestiça mexicana chamada Matilde Calderón e Gonzalez. Antes do seu nascimento, a vida do seu pai (e também a da sua mãe) fora já uma sucessão de trágicos acontecimentos, cruzados depois com a sua própria tragédia: Frida herdou-lhe o gosto pela pintura e pela fotografia.

 

 

Frida, perna de pau...

 

Aos seis anos contraiu poliomielite: ficou coxa, com uma perna mais curta e a musculatura atrofiada e anos mais tarde haveriam mesmo de lhe amputar um pé.

 

 

Um ferro atravessou-me como a espada a um touro...

 

Aos dezoito anos (1925) foi vítima de um violento acidente de autocarro, que a deixou paralisada durante vários meses devido a graves fracturas na coluna vertebral e na bacia, ficando impedida de ter filhos (haveria de engravidar três vezes sem sucesso). Segundo o relatório médico, uma barra de ferro entrou-lhe pelo quadris esquerdo e mostrou-se na vagina, provocando-lhe mazelas que iriam persegui-la durante toda a vida: fez 32 intervenções cirúrgicas, que não conseguiram aliviar-lhe o sofrimento.

A par disto, Frida exteriorizava sinais de uma bissexualidade perturbadora, e jamais conseguiu sublimar de outra forma senão através da pintura o facto de ter sido amamentada por uma ama-de-leite em vez da sua própria mãe: este direito fora-lhe retirado pela irmã, Cristina, 11 meses mais nova e indiscutivelmente mais bonita.

 

 

Espelho, verdugo dos meus dias...

 

Após o acidente, impossibilitada de continuar a estudar, o seu pai construiu-lhe um cavalete especial, que lhe permitia pintar deitada na sua cama frente a um espelho. Fez o seu primeiro auto-retrato em 1926, e esse seria o princípio da sua emancipação: «pinto auto-retratos — disse — porque estou a maior parte do tempo só, porque sou a pessoa que melhor conheço.»  

 

A partir de então, transformou as suas doenças em modelos da sua pintura: de facto, todos os seus quadros são narrativas da sua catástrofe.

 

 Sobrevivendo às sucessivas vicissitudes, eterna inconformada e irreverente, Frida Kahlo tornou-se famosa na América e na Europa e ficou na História como uma das grandes pintoras do século XX. É, por isso, severa e pessimista a visão de Jean Cocteau sobre arte e poesia: que implicam solidão espantosa, maldição de nascença e, em suma, religião sem esperança.

 

Lúcia Helena Vianna, a investigadora brasileira que estudou exaustivamente o diário de Frida Kahlo, refere que a pintora «tece um elo indestrutível entre vida e obra, com a explícita conexão de tinta e sangue.» A literatura ensina, aliás, que o amor e a poesia podem salvar, e tais lições de sobrevivência tendem a substituir a fé num deus qualquer.

 

 

Pés, para que vos quero, se tenho asas para voar?

 

Cansada de sofrer, Frida Kahlo rendeu-se à morte aos 47 anos, em 1954. Mas, porque não poderia sair («espero com alegria a saída... e espero não regressar nunca») pelos seus próprios pés, imaginou-se a levitar no seu leito em chamas...

 

Sobreviver através da pintura (e do amor, ao lado de Diego Rivera) foi a sua religião. «Viva la vida!» era a sua assinatura.

 

 

 

 

A VIDA NA OBRA DE FRIDA KAHLO #20 imagens

 

 

 

 

anterior  |  início  |  seguinte

 

 

A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

GÖRAN PALM

 

webdesign antero de alda, desde 2007