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  Post 007 -  Julho de 2007  

 

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farinha da Lua

 

 

 

 

Milhares de colonos chegaram a iludir-se com a ideia de que fariam fortuna

com a exploração do Nitrato do Chile...

foto do arquivo de EDUARDO RAMOS

 

 

 

«Se não fosse porque teus olhos têm a cor da lua,

de dia com argila, com trabalho, com fogo,

e aprisionada tens a agilidade do ar,

se não fosse porque és uma semana de âmbar,

 

se não fosse porque és o momento amarelo

em que o outono sobe pelas enredadeiras

e és ainda o pão que a lua fragrante

elabora passeando sua farinha pelo céu,

 

oh, bem-amada, não te amaria! (…)»

PABLO NERUDA, Cem sonetos de amor.

Trad. Carlos Nejar

 

 

Quando Adolfo Lozano, o jovem espanhol estudante de arquitectura, desenhou o painel de publicidade ao salitre chileno, nos finais da década de (19)20, já os fertilizantes químicos inventados pela Alemanha durante a I Grande Guerra faziam forte concorrência ao «ouro branco» que o empresário portuense César Machado importava da América latina, depois da agressiva campanha promocional do ex-cônsul geral do Chile no Porto. A instalação dos enormes painéis em casas e muros junto às estradas espanholas e portuguesas foi a fórmula encontrada pelos comerciantes destes dois países para competirem com os químicos alemães. Da mesma época são também conhecidos os símbolos do Licor Beirão e a «capa negra» dos vinhos Jerez Sandeman.

 

O caliche, da rocha que dá origem ao salitre, ou nitrato de sódio, já era conhecido na época pré-colombiana e usado pelos Incas como fertilizante, mas ao enorme deserto de Atacama, entre as montanhas do norte chileno, só em meados do século XIX começaram a chegar milhares de colonos com a promessa do enriquecimento fácil. Na Europa e nos EUA o Nitrato do Chile, como lhe chamaram, tornou-se um dos responsáveis pelo início da Revolução Agrícola; na América latina o fenómeno provocou uma guerra entre o Chile, o Peru e a Bolívia (1879-89) e deu origem a um conflito que opôs os grandes empresários (em número reduzido) e os seus empregados — os pampinos, trabalhadores das salitreiras das Pampas — que eram escravizados e acumulavam dívidas e frustrações. Em 1907, cerca de 30 mil pampinos fizeram greve e desceram à cidade costeira de Iquique, onde foram recebidos pela polícia: cerca de dois mil destes colonos foram violentamente assassinados!

 

A decadência das antigas fábricas do famoso Nitrato do Chile foi inevitável.

No início do terceiro quartel do século XX, o ditador Augusto Pinochet transformou uma enorme oficina de Chacabuco numa prisão para onde foram enviados muitos opositores ao regime: segundo a teoria oficial, a Lautaro Nitrate Co. e outras indústrias do género tornaram-se insuportáveis para o regime face ao clima de contestação provocado pelos seus milhares de trabalhadores…

 

Na inóspita paisagem das montanhas do deserto de Atacama a evaporação da água ali retida há milhões de anos determinou o aparecimento do salitre.

Naturalmente, milhares de colonos chegaram a iludir-se com a ideia de que fariam fortuna com a exploração do Nitrato do Chile.

Neruda chamou-lhe «farinha da Lua»…

 

 

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