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  Post 157 -  Março de 2014  

 

foto: Carlos Vilela 2010

 

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já ninguém anda a pé [ II ]

 

 

 

«Oui, la France!»

A extrema-direita francesa conseguiu vitórias significativas nas recentes eleições locais e Marine Le Pen pode estar «a caminho de Bruxelas» (jornal Público, ontem, 23 de Março). Como dizia Tocqueville, à força de idolatrarmos a igualdade, o tirano é divinizado.

 

Há quase 20 anos atrás, já Gilles Martinet dizia que o capitalismo é incompatível com a democracia. Hoje, Sylvain Reboul, o filósofo que publica regularmente no open source journal AgoraVox, pergunta: «O capitalismo será moral?» (Le capitalisme peut-il être moral?)

 

Inventámos o capitalismo para derrotar o comunismo, o que é que teremos que inventar agora (ou seja: que caminhos teremos de percorrer) para derrotar o capitalismo?

 

 

 

 

foto: ANTERO DE ALDA Amarante, 20 de Março de 2014.

 

 

 

2. o contacto verdadeiro com o real

 

 A Europa foi percorrida a pé, diz Steiner. Hölderlin vai a pé da Vestefália a Bordéus e volta, Wordsworth faz o mesmo entre Calais e Berner Oberland, o Fubgang diário de Kant em Königsberg tornou-se lendário, são célebres as extensas deambulações de Kierkegaard por Copenhaga e subúrbios, o inchado Coleridge faz entre trinta a quarenta quilómetros per diem... Enfim, «uma vez mais, a profecia enigmática de Benjamin acode ao espírito: em toda a alegoria e lenda europeias, o pedinte que vai de porta em porta, o pedinte que pode ser agente divino ou demónio disfarçado, chega a pé» (George Steiner, A Ideia de Europa, 2006).

 

 

«Os salários mais baixos da Europa, milhão e meio de emigrantes, milhares de desempregados, de gente que sobrevive a "ganchos", a "golpes", a horas extraordinárias, pensões e reformas de miséria, alugueres de rapina, vilas e aldeias que desapareceram, campos despovoados, saúde só para quem tem dinheiro, escola em crise, tudo isto depois de três guerras…

O Palha d’Aço pensava em seu pai, na tristeza de vê-lo babado, misérrimo, alheado de tudo, com os cigarros contados, a ruminar a sua morte, a sua pobre morte indefesa, e imaginava os piaçabas pilões, o autoclismo gigantesco que seria preciso descarregar sobre esta "democracia".

Aquela noite opaca e sufocante tinha de acabar, ou ficaremos para sempre incapazes de enfrentar a vida, perdida nas picadas desertas do passado, quando tudo em nós apela ao voo sem amarras, como uma gaivota por cima do mar.

Mas o Palha d’Aço não era Ícaro. Já não tinha vontade de voltar à demanda daquele algures que exige infinitas viagens, debatia-se numa trama confusa, como um cego que recupera a vista e não suporta o terror, o desgosto da miséria e fealdade que o rodeiam, e hesita se há-de voltar a encerrar-se nas trevas, outra vez cego pelo sol do deserto.

O que ele perguntava era como é que havia de reencontrar, num mundo de imagens e falsificações, o contacto verdadeiro com o real, preservando na evocação dos lugares, dos seres e das suas histórias a parte de inacabamento e de mistério que lhes cabia, na qualidade única de cada uma das suas horas.

À força de odiar as coisas, acaba-se por invejar a sua força silenciosa, a autonomia que irradiam, como se a mineralização fosse a única escapatória possível ao inferno quotidiano, à cólera devastadora acesa por uma "civilização" cuja ideologia exclusiva é o fabrico em série e a venda de não importa o quê…»

ERNESTO SAMPAIO

As coisas naturais, 2013.

 

 

Só em atenção aos desesperados nos foi dado o desespero, diz Walter Benjamin. Que ideia fazem do desespero aqueles que não desesperam?

 

 

____

"o tirano é divinizado"

Diz ainda Sylvain Reboul que o discurso da ideologia capitalista dominante apresenta o crescimento económico como uma panaceia para resolver todos os problemas da sociedade e promover o bem-estar das populações (evidentemente, de acordo com as expectativas da ERT-European Round Table of Industrialists...), mas a verdade é que o desemprego não pára de aumentar, tal como as desigualdades e até a discriminação sob todas as formas, incluindo a xenofobia.

 

"que caminhos teremos de percorrer"

«Quase dois milhões de portugueses vivem em risco de pobreza», diz o jornal Público de hoje [ 24 de Março de 2014 ].

Arendt, a partir da concepção aristotélica sobre "motivação económica", confronta-nos entre «a tomada do poder pelos ricos e a instauração de uma oligarquia, ou a tomada do poder pelos pobres e a instauração de uma democracia» (Hannah Arendt, Sobre a Revolução, ed. Companhia das Letras, 2011, p. 48). O que é que nos serve melhor?

Voltamos a Aristóteles e a Hannah Arendt: «Aquilo que é útil para uma pessoa, um grupo ou um povo, é e deve ser a norma suprema a reger os assuntos políticos» (op. cit., pp. 48-49).

 

"Só em atenção aos desesperados"

A tradução directa do que diz Walter Benjamin em Schriften I é a seguinte: «Só em atenção aos desesperados nos foi dada a esperança» (Harvard University Press, Selected Writings, Volume 1: 1913-1926).

 

 

 

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A alma tem muitos inquilinos

que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

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