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  Post 086 -  Maio de 2012  

 

foto: Carlos Vilela 2010

 

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o daguerreótipo de Deus

 

 

 

 

Ainda Melquíades e Cem Anos de Solidão...

 

 

 

 

foto HENRI CARTIER-BRESSON, México, 1934.

 

 

 

 

   Entretanto Melquíades acabou de plasmar nas suas placas tudo o que podia ser plasmado em Macondo e abandonou o laboratório de daguerreotipia aos delírios de José Arcadio Buendía. (...) Através de um complicado processo de exposições sobrepostas, tiradas em vários pontos da casa, tinha a certeza de, mais tarde ou mais cedo, vir a fazer o daguerreótipo de Deus...

Gabriel García Márquez

"Cem Anos de Solidão"

  

 

   Não há amor sem o ódio, não há o bem sem o mal. Se a fotografia é, como se diz, uma invenção do diabo (concorrendo com Deus na criação do universo), o que não poderá ser, afinal, se puder fixar o corpo (sem o desprender da alma, sem lhe suspender a moral) num mesmo instante em diferentes lugares?

   Ao sétimo dia Deus não descansou: tirou fotografias...

 

 

 

 

_______

"uma invenção do diabo"

A invenção de Joseph Niépce e Louis Daguerre provocou, a partir de 1839, natural inquietação, ao ponto de um jornal alemão ter referido: «O desejo de capturar os reflexos evanescentes não só é impossível, mas o mero desejo em si, a vontade de assim o fazer, é uma blasfémia. Deus criou o Homem à sua imagem, e nenhuma máquina feita pela mão humana pode fixar a imagem de Deus. Será possível que Deus tenha abandonado os Seus eternos princípios, e permita que um francês dê ao mundo uma invenção do diabo?» (Leipzig City Advertiser, 28 de Agosto de 1839). Por ironia, foi através dos jornais alemães que se vulgarizou o fotojornalismo, depois da II Grande Guerra.

A partir de 1936, o dilema da reprodutibilidade técnica suscitava novas inquietantes preocupações filosóficas em A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica, de Walter Benjamin (quer dizer: a criação divina não só estava ao alcance do homem como podia ser desbaratada).

A luta entre ricos e pobres pelo direito à propriedade mantém-se até hoje. Mas, voltando atrás, Baudelaire, que foi fotografado pelo seu amigo Nadar em 1855 (como afinal a maioria dos burgueses da época que criticavam a fotografia), não deixou de participar, com desconfiado sarcasmo, nas quezílias entre as autoridades do céu e do inferno: «A fotografia não passa de um refúgio para os pintores frustrados, (...) um Deus vingativo que realiza o desejo do povo.» (Cit. Annie Le Brun, Le Sentiment de la nature à la fin du XXe siècle, 1982).

A polémica não tem fim: «Mãos de tesoura, olhos mecânicos... A sociedade produtora de formas aberrantes pode ainda glorificar o homem», escreveu Timothy Druckrey (Ars Electronica: Facing the Future — A Survey of Two Decades, MIT Press, 1999) inspirado em Dziga Vertov, o realizador russo autor de O Homem com uma máquina de filmar...

Para muita gente o único retrato possível do supremo criador continua a ser o sudário de Turim.

 

 

 

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que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

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