FOTOGRAFIA
«FRAGAS SÃO OS MEUS OSSOS»
Para lá do Marão: «Fragas são os meus ossos»

A serra do Marão é um território soberbo de água e de pedra. Pelas encostas serranias do Alvão, desde as fisgas do Ermelo até à remota aldeia de Alvadia — já às portas do baixo Barroso, no concelho de Ribeira de Pena —, vislumbra-se o majestoso alto da Senhora da Graça (Mondim de Basto). A rudeza de quem aqui vive deve-se talvez às mesmas agrestes razões que sustentam opulentas vacas de um castanho muito escuro, cabras selvagens, coelhos bravos do monte, lobos, águias e grandes corvos de um negro carregado de muitas lendas de maus agouros…
AUGUSTA (86) Gontães-S. Miguel da Pena
ANA DE JESUS (97) Gontães-S. Miguel da Pena
ANA DE JESUS (97) e MARGARIDA Gontães-S. Miguel da Pena
ISILDA DA CONCEIÇÃO (73) Arnal, Vila Real
ZULMIRA BRÁS (82) Sirarelhos, Vila Real
MARIA DE LURDES (83) e DIAMANTINO (89) Galegos da Serra, Vila Real
MARIA DE LURDES (83) Galegos da Serra, Vila Real
MARIA DE LURDES (83) Galegos da Serra, Vila Real
ZULMIRA BRÁS (82) Sirarelhos, Vila Real
BENVINDA DO CÉU (73) Sirarelhos, Vila Real
Capela de Sirarelhos, Vila Real
ANA DE JESUS (96) Gontães-S. Miguel da Pena
ANA DE JESUS (96) Gontães-S. Miguel da Pena
ANA DE JESUS (96) Gontães-S. Miguel da Pena
ANA DE JESUS (96) Gontães-S. Miguel da Pena
ANA DE JESUS (96) Gontães-S. Miguel da Pena
Na casa de ANA DE JESUS (96) Gontães-S. Miguel da Pena
Capela de Sta. Sofia, Gontães-S. Miguel da Pena
Igreja de S. Miguel da Pena, Vila Real
ZULMIRA (82) e BENVINDA (73) Sirarelhos, Vila Real
MARIA ILDA (75) Gontães-S. Miguel da Pena
Em casa de MARIA DO CARMO (81) Fervença, Mondim de Basto
MARIA DO CARMO (81) Fervença, Mondim de Basto
LAURA GONÇALVES (78) Fervença, Mondim de Basto
BELMIRA ROSA (86) Alvadia, Ribeira de Pena
ANTÓNIO QUEIRÓS (83) Macieira, Mondim de Basto
Desta terra sou feito.
Fragas são os meus ossos,
Húmus a minha carne.
Tenho rugas na alma
E correm-me nas veias
Rios impetuosos.
Dou poemas agrestes,
E fico também longe
No mapa da nação.
Longe e fora de mão...
MIGUEL TORGA
Aqui, toda a terra é longínqua.
Filmes

«Todos vós estais convencidos de que um rei,
para além da sua riqueza, é o senhor dos seus
súbditos. Mas, se ele tiver no peito um coração
brutal, se for insaciável na sua cobiça, nunca
se mostrar satisfeito com o que possui, não
concordareis comigo que é miserabilíssimo?»
«E se houver algum homem que se oponha à
torrente louca da multidão, que se retire
sozinho para um deserto onde possa gozar à
vontade os frutos da sua sabedoria. E como se
poderá humanizá-lo, senão com adulação?»
«Por isso, digníssimo senhor, estimo que
esteja são e tome também animosamente a sua
parte de loucura...»
ERASMO DE ROTERDÃO
O Elogio da Loucura (adaptado)
FOTOGRAFIA
FRESCOS DE NOSSA SENHORA DA TEIXEIRA
Sequeiros, Torre de Moncorvo: frescos de Nossa
Senhora da Teixeira

«Dez alqueires de semente…»
Inscrição na fachada principal da ermida de Nossa Senhora da Teixeira
Sequeiros, TORRE DE MONCORVO
«Título do Tombo desta casa (...) Tem 383 varas em redondo e do Norte ao Sul 136 e do nascente ao poente 247 varas a terra que está marcada com o sinal — e que leva 10 alqueires de semente até ao adro da dita casa.»
Entre Moncorvo e a Açoreira é-nos apresentada a lindíssima Capela de Nossa Senhora da Teixeira, que no tecto da sua arcada exterior apresenta um conjunto extraordinário de frescos de origem religiosa com símbolos profanos: dois diabos ali desenhados já não estão retratáveis, porque a criançada,
decerto precocemente movida pelas superstições
dos velhos, divertia-se, em tempos, a atacá-los
com pedras lançadas por fisgas. Ainda assim, são
dignos de se ver.
Os frescos do eremitério de Nossa Senhora da Teixeira (Sequeiros, Torre de Moncorvo) serão contemporâneos de Domenikos Theotokópoulos, El Greco. O mesmo traço, as mesmas cores e o mesmo alongamento dos corpos que se observam nestas várias cenas do Juízo Final são típicos do pintor grego que se instalou em Toledo, e do seu mestre, Miguel Ângelo. Muito provavelmente pintados ou encomendados pelo primeiro ermitão do pequeno santuário, Jordão do Espírito Santo, terão encontrado inspiração nos tectos da Capela Sistina. Sem exagero, constituem uma visão de sonho que se completa com numerosas inscrições graníticas:
«Venite benedicti de meu padre benediti» (Vinde benditos do meu pai Bento), e uma data, 1595, junto ao arco maior da galilé.
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