som de entrada "Coradinha" (ext.) Recolha de José Alberto Sardinha, Bendada-Sabugal, Guarda, 1990.

FOTOGRAFIA

PENEDA-GERÊS

Retratos da Peneda-Gerês

 

«Vi que todos os seres têm uma fatalidade de felicidade. (...)A cada ser, várias outras vidas me pareciam devidas. A minha saúde foi ameaçada.»

RIMBAUD

 

 

 

ETELVINA AZEVEDO (81) Pitões das Júnias

 

 

Etelvina Azevedo (81). Foi preciso 'morrer' para criar os filhos (7 ao todo, 5 que sobreviveram), e agora que se aproxima o fim definitivo já não há vontade para uma segunda vida. A crise — ou o que queiram chamar-lhe, porque crise sempre existiu — está a pôr em causa a própria fé.

Para o capitalismo (como dizem Sponville e Rimbaud — e há tanta poesia trágica nas aldeias do interior!) a moral é uma fraqueza do cérebro. Aqui, há pouco dinheiro para investir em iniciativas solidárias. Para os idosos a ameaça da miséria é a dobrar: em muitos casos, já não há dinheiro para comprar medicamentos. Eis o triste resultado da estranha relação que temos connosco próprios, nas nossas preocupações com a vida, com a beleza e com o tempo que está para vir.

A exuberância (ou a «fatalidade de felicidade») de alguns é a mutilação de muitos outros. É urgente parar para reflectir sobre isto.

PITÕES DAS JÚNIAS Julho de 2010

 

 

ANA BANDARRA (87) e LUCINDA PILOTO (82) Pitões das Júnias

 

 

«E agora ao senhor vamos dar uma pinga e um bocadinho de pão, quer? E um bocadinho de uma chicha ou de uma febrinha. Olhe que lho dou! Limpinho, o pãozinho é do padeiro e o presuntinho também é bom. Quer uma febrinha, que lhe dou? Olhe que eu dou-lha de boa mente...»

LUCINDA PILOTO (82)

Pitões das Júnias, MONTALEGRE

2'13'' Junho 2011

 

 

DUAS VELHINHAS MUITO VELHINHAS Pitões das Júnias

 

 

Maria Dias Carvalho e Maria Teresa. Cada uma tem a sua história para contar…

— O senhor donde é?

— Eu sou de Amarante. Conhece?

— Não conheço, mas já ouvi falar…

 

Faz-se uma pausa, e vai a dona Maria Dias (à esq.):

— Então, é de Amarante… Quer que lhe conte um conto?

— Pois conte!

E desfia, sem pestanejar:

«Ó minha bela menina,

De Amarante vem o vento.

Menina que fala a todos

Não pretende casamento.»

 

— Gostou? — pergunta ela.

— Adorei.

— Então não acha que é verdade?

— Verdade, verdadinha!

 

Dona Maria Teresa (à dir.) pergunta-me então se eu também quero ouvir a sua...

— Claro que quero ouvir!

E vai ela:

«A flor no baldio

Bota rosa quando quer.

É como rapaz solteiro

Enquanto não tem mulher.»

 

— Magnífico!

 

PITÕES DAS JÚNIAS Julho de 2006

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