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Título: «memória de hibakusha
e outros poemas»
Subtítulo: «mais seis
memórias regressivas de Francisco
Maria Providência»
Edição: AJHLP — Associação de
Jornalistas e Homens de Letras do
Porto
Colecção:
Liberdade Livre
Com um poema inédito de E.M. de Melo
e Castro
Formato:
21 x 19 cm
Número de páginas: 28
Data: Outubro de 1986
Impressão offset com acabamento agrafado
[ESGOTADO] |
«O autor procedeu a variações sobre o tema do
bombardeamento, numa bela urdida conjugação de
linguagem visual e verbal, interpenetradas. Onze
garrafas/onze poemas dispõem-se, isoladamente ou
em conjuntos, (...)revelando, no interior, o
ácido corrosivo de uma sátira cujo humor é
negro. (...)
«Com este trabalho, sucessor de outros na mesma linha expressiva que lhe eram conhecidos, Antero de Alda confirma-se como autor interessante no terreno específico da poesia visual.»
ELIZABETE FRANÇA, «Diário de Notícias», 5/02/1987).
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eu sei que enola gay é nome da mãe de paul tibbets o famoso piloto que conduziu “the gimmick” sobre hiroshima ela o ajudou quando este trocou a faculdade de medicina pelo curso de pilotos dos states.
“tibbets você torna-se um herói ou acaba na prisão...”, assim lhe falaram como a um profeta.
também sei que paul tibbets não gravou o seu nome no casco da bomba com um lápis de cera como thomas ferrel general da força aérea norte-americana “para hirohito com amor e beijos” porque não era do seu estilo fazer isso.

“coronel não é nada atómico, pois não?” perguntou um dos tripulantes do enola gay minutos depois da descolagem.
sei ainda que paul tibbets não tem sentimento de culpa.
paul tibbets não estava nervoso quando largou a bomba sobre hiroshima. demorou sete minutos a fixação do objectivo.
era boa a visibilidade sobre a cidade e tibbets
excluía felizmente a hipótese de objectivo
alternativo o seu único medo era ter feito
qualquer erro de percurso.
tibbets adormeceu no regresso de hiroshima depois de vinte horas e meia sem descansar.
voltou anos mais tarde ao japão e passeou por nagazaki “onde a vida continuava”, comprou cinzeiros feitos à mão que ainda hoje conserva.
nas escolas de hiroshima as crianças aprendem hoje a saber que a detonação foi feita a uma altitude que permitisse a máxima destruição.
com gail lim me correspondo será ela descendente de um hibakusha?
hibakusha é o nome que receberam os sobreviventes da bomba de hiroshima em 1945, assim registados para melhor se distinguirem das gerações seguintes.
In «memória de hibakusha e outros poemas», pp. 23-27
Primeira publicação: «O Comércio do Porto», 24/11/1985.

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