oceanografias

oceanografias (a memória da água)

Poesia, 2016

 

 

 

 

Título: «oceanografias»

Subtítulo: «a memória da água»

Prefácio de RUI TORRES

Com um poema inédito (2015) de E.M. DE MELO E CASTRO

Edição: GALÁPAGOS — fábrica de poesia

Capa: Chegada de Vasco da Gama a Calecut

(pormenor duotone de uma tapeçaria do século XVI)

Formato: 14 x 21 cm

Número de páginas: 36

Data: Junho de 2016

Depósito Legal: 411848/16

ISBN: 978-989-99082-4-6

Impressão offset com acabamento agrafado

Preço: 7 euros *

* Edição especial de 50 exemplares numerados e assinados por Antero de Alda, E.M. de Melo e Castro e Rui Torres: 20 euros

 

 

 

«Observemos aqui o mar, sobre esta mesa.» (MANUEL GUSMÃO)

 

 

1. com a água

se confundem os espelhos.

e também cristais e anéis.

e um sumptuoso cálice de cio.  

o mar — imenso terraço de cadáveres.

 

2. também nos oceanos não sobrevivem

os peixes-filósofos

da anarquia.

 

3. vestem-se

de líquido

serpentes ociosas.

 

— de orlas moribundas nos enlevam.

 

 

«oceanografias» ou «a memória da água» consiste numa operação poética feita em computador a partir de uma relação de correspondência numérica linear com alguns significantes semântica e foneticamente próximos entre si. Partindo de vinte e quatro vocábulos seleccionados de três poemas originais, a cada um deles foi atribuído um número sequente de 1 a 24, os quais foram depois submetidos a combinações aleatórias, previamente limitadas por variáveis determinantes da quantidade de números de cada associação e da quantidade de associações de cada experiência, e posteriormente recodificados.

 

O projecto foi realizado num microcomputador Sinclair ZX Spectrum de 8 bits em Janeiro de 1986.

 

 

 

 

«(...) E de que serve um computador quando encontramos um poeta? “Telescópio de complexidade”, como na feliz expressão de Pedro Barbosa? Amplificador, certamente. Mas é o poeta, e não a máquina, quem entende e articula o sentido da palavra. Um amplificador de complexidade, nunca um mero efeito de superfície, uma moda jogada na indústria do entertainment. Recuperar estes poemas, embora constitua boa oportunidade para rever certa história da literatura cibernética, adicionado um novo dado nesse jogo confuso, torna-se, aqui, também, uma lição de humildade: elogio da poesia que usa o computador como ferramenta; da poesia que escreve a habitação da nossa memória; da poesia que habita a nossa existência líquida. (...)»

Do prefácio de RUI TORRES

Rui Torres é poeta, professor de comunicação, semiótica e literatura hipermédia na Universidade Fernando Pessoa, coordenador do projecto PO-EX — Arquivo Digital da Literatura Experimental Portuguesa (www.po-ex.net).

 

 

 

 

E. M. DE MELO E CASTRO, "amaromar" (inédito, 2015).

Ernesto Manuel de Melo e Castro nasceu na Covilhã, em 1932. Em 1962 publicou Ideogramas, que marca a introdução da poesia concreta em Portugal, e em 1968 Roda Lume, livro pioneiro da videopoesia. Entretanto, em 1964, com António Aragão, António Barahona da Fonseca, António Ramos Rosa, Herberto Hélder e Salette Tavares, fundou os Cadernos de Poesia Experimental, e desde então produziu vasta obra poética com recurso ao lettering, imagem, áudio, vídeo e computador, tornando-se um dos mais profícuos autores do género em todo o mundo. Em 1996 mudou-se para o Brasil, onde assumiu a cátedra de Estudos Comparados de Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo.

[ Ver E. M. de Melo e Castro, entrevista, Junho de 2016 ]

 

 

 

 

 

 

TODAS AS PUBLICAÇÕES

 

 

 

Outros livros

 

memória de hibakusha e outros poemas Ed. AJHLP, 1986 (Poesia)

O Século C.N.A. Ed. Galápagos—Fábrica de Poesia, 1999 (Poesia)

a reserva de Mallarmé Ed. GALÁPAGOS Fábrica de Poesia, 2013 (Poesia)

EUROPA - fuck you! Ed. GALÁPAGOS Fábrica de Poesia, 2014 (Poesia)

Mil vidas tem S. Gonçalo Ed. GALÁPAGOS Fábrica de Poesia, 2014 (Fotografia)

Retratos & transfigurações Ed. GALÁPAGOS Fábrica de Poesia, 2015 (Fotografia)