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  Post 153 -  Março de 2014  

 

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o estranho mundo de

Edward Hopper:

o bom americano e

a alma perdida da América

 

 

 

«In general it can be said that a nation's art is greatest when it most reflects the character of its people.»

EDWARD HOPPER

 

 

 

 

 

EDWARD HOPPER Auto-retrato (1925-30)

 

 

 

No passado dia 13 de Janeiro, numa emissão do conhecido Antiques Roadshow, apareceu um homem natural da pequena cidade de Boise, no Idaho, com uma gravura assinada por alguém cujo nome lhe era completamente desconhecido, mas que alguns amigos já lhe haviam garantido que poderia ser de um artista famoso. Foi no decorrer desse programa de caçadores de antiguidades da CBS americana que ele recebeu a inesperada notícia: a gravura é de 1922, tem por título The Cat Boat e está avaliada em 250 mil dólares! O seu autor é Edward Hopper (1882–1967), que o próprio avaliador, Todd Weyman, definiu como «um pintor americano muito famoso (...), que teve um início de carreira muito difícil e foi obrigado a ganhar a vida como ilustrador (...), que demorou a construir um estilo próprio e nunca se identificou com nenhum movimento artístico do século XX.» 1

 

Consta que Edward Hopper confessou, certa vez, qualquer coisa como isto: «em geral, pode-se dizer que a arte de uma nação é tanto maior quanto melhor reflectir o carácter do seu povo.» Ora, mesmo considerando que Hopper passou por «um início de carreira muito difícil (...), demorou a construir um estilo próprio e nunca se identificou com nenhum movimento artístico...», sendo verdadeiramente «um pintor americano muito famoso», que carácter é esse do povo americano que terá conseguido reproduzir nas suas pinturas?

 

 

 

«Nos EUA somos colocados entre a esperança e a desilusão.»

HENRY ALLEN

Washington Post

 

«(...) É comovente a transição entre a pobreza e a riqueza.»

KARAL ANN MARLING 2

Univ. Minnesota

 

 

Na implacável interpretação dos críticos da obra de Edward Hopper, há duas grandes teorias que decorrem da "estranha luz", da "estranha solidão" e da "estranha melancolia" na atmosfera desolada de Sunday (1926), Automat (1927), Hotel room (1931), Office at night (1940), Nighthawks (1942), Hotel window (1955) ou Intermission (1963).

Por um lado, a prosperidade sem precedentes, a angústia e a alienação do homem urbano que parece ter chegado ao seu último estado de conforto, e a incomunicação que corresponde a essa luxúria, uma espécie de tédio do materialismo. Por outro lado, os lugares abandonados e as personagens em fuga, ausentes do seu tempo, num mundo contemporâneo em crise, abalado pela Grande Depressão, o desemprego, o medo e a decadência, enfim, o desmoronar do Sonho Americano.

Ambos os cenários foram retratados em O Grande Gatsby (1925), de Scott Fitzgerald, e mais tarde expostos em Psycho (1960), de Alfred Hitchcock. E em qualquer dos casos se concluiu que essa América é já, definitivamente, uma América sem alma.

 

 

Para lá do olhar dos críticos, feliz é agora aquele pobre homem do vale do Boise River, talvez por ser um pobre homem do vale do Boise River, Idaho, talvez por saber que a sua pequena herança foi avaliada em 250 mil dólares, talvez até porque agora ele compreenda a visão poética, íntima e cinematográfica do "estranho Hopper", dessa "estranha luz", "estranha solidão" e "estranha melancolia". Para ele, e para tantos outros, Edward Hopper será sempre «o bom americano».

Estranhos são os mundos.

 

 

 

 

EDWARD HOPPER #28 pinturas

[ www.edwardhopper.net ]

 

 

____

1 DailyMail online, 15/1/2014.

2 Citações de Henry Allen e Karal Ann Marling no documentário Great Books: The Great Gatsby, para o canal Discovery Networks (1997).

 

 

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