música | PHILIP GLASS Dance VIII
Victims
Alemanha
1939-44
Moçambique
1970/1994
Polónia
1980
Em Moçambique, em 1994, Manuel Roberto captou a imagem de um pequeno prisioneiro «propriedade do estado» num centro educacional para meninos de rua de Chiahanga.
No meio dos
destroços, ouvia-se o choro de uma criança. Era uma menina e não
devia ter mais de cinco anos de idade. Lembra-se que discutiram:
«O que é que se faz à miúda? Leva-se, não se leva?»
Durante algum
tempo, ainda foi ao colo e às costas de uns tantos. Mas os soldados
estavam cansados e ela chorava, gritava, não se calava. Sabe que
lhe bateram... Mas ninguém conseguia resolver nada e uma coisa era
certa: ela estava a pôr em perigo, pelo barulho que fazia, a
posição deles. Tinha que se tomar uma atitude, acabar de vez com
aquilo. Já há muito que alguns insistiam: «Mata-se».
Foi um furriel que
a degolou com uma catana.
Moçambique, 1970.< left:35%;top:60%;z-index:4">
The Victims of The XXth Century
VAI-TE, SATANÁS!
Polónia, Maio de 1988
O capelão de Nowa Huta, padre Jancarz, saltou de noite o muro das indústrias metalúrgicas locais, em greve, para celebrar a habitual missa do 1º de Maio, tendo de se confrontar com as autoridades militares, presentes na Administração polaca desde a implantação da Lei Marcial, logo após o verão quente de 1980.
Na expectativa do ressurgimento do Solidariedade de Walesa contra os brutais aumentos da inflação (40% para os bens de consumo e 100% para a energia), os grevistas preparavam-se para uma resposta pela força por parte do regime do general Jaruzelski. «Uma reacção do Governo... poderá provocar uma explosão», garantia Jacek Kuron, uma das mais destacadas figuras da oposição. «(...)Seria como semear o vento».
SEGUNDO A REPORTAGEM DE SANTOS PEREIRA/EXPRESSO
Foto: Associated Press