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  Post 231 -  Março de 2018  

 

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entre os actos

[ Virginia Woolf ]

 

 

«Somos desfeitos pela realidade.

A vida é um sonho, o despertar é o que nos mata.»

(VW)

 

 

 

 

foto: LINDER STERLING She/She, Life is a masquerade (1981).

 

 

A paz era a terceira emoção. Amor. Ódio. Paz.

As três emoções eram o fio condutor da vida do homem. Agora o sacerdote, cuja fala o bigode de algodão em rama dificultava, adiantava-se e dava a bênção.

 

Da meada emaranhada da vida, soltai as suas mãos (soltaram-se as mãos).

Da sua fraqueza, agora não guardemos memória.

Chamai o pisco-de-peito-ruivo e a carriça.

E cubram rosas a mortalha carmesim (desfolharam-se as pétalas trazidas em cestas de vime).

Cobri-lhe o corpo. Que repouse em paz (e cobriram o cadáver).

Que sobre vós, gentis senhores (o sacerdote dirigia-se ao ditoso par) queira o Céu derramar as suas bênçãos!

Apressai-vos, pois, antes que o invejoso sol da noite rasgue o reposteiro.

Que toque a música.

E que o ar livre do Céu te proteja no sono!

Comece a dança.

 

O gramofone atroou os ares. Os duques, os padres, os pastores, os peregrinos e os criadores deram-se as mãos e começaram a dançar...

 

VIRGINIA WOOLF

Entre os Actos

Relógio D'Água Editores, 2012.

Trad. Miguel Serras Pereira

 

____

Entre os Actos é o título do último romance de Virginia Woolf, publicado quatro meses após o seu suicídio a 28 de Março de 1941. Nascida em 25 de Janeiro de 1882, a escritora tinha 59 anos, dois meses e dois dias, quando se afogou no rio Ouse, a menos de 1 quilómetro de Monk's House, Rodmell, Sussex (cerca de uma hora de comboio desde Londres).

Consta que a última pessoa que a viu viva foi John Hubbard, empregado de uma quinta vizinha. Hubbard contou que eram cerca de onze horas e trinta minutos da manhã, quando Virginia, de bengala, passou por ele em direcção ao rio. Largou a bengala em que se apoiava, enfiou umas quantas pedras nos bolsos do sobretudo e entrou na água.

Na sua casa, Virginia deixou cartas para o marido Leonard e para a irmã Vanessa (Vanessa Bell, pintora, que morava a poucos quilómetros, na Quinta Charleston). E nessas cartas, ela afirmava ter a certeza de estar a ficar louca outra vez, dizia que nunca mais ficaria boa e não achava certo continuar a dar trabalho aos outros.

Para o marido, ela escreveu qualquer coisa como isto: «Querido, tenho a certeza de que vou enlouquecer outra vez. De tal modo, que tenho de fazer o que me parece melhor. Não consigo lutar mais... Foste absolutamente paciente comigo e incrivelmente bom. Se alguém pudesse salvar-me serias tu.» E termina: «Não creio que duas pessoas tenham sido mais felizes do que nós o fomos.»

 

 

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que estão frequentemente em casa todos ao mesmo tempo.

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